sexta-feira, dezembro 29, 2006

Happy Feet

Departed

Charlie e a fábrica de chocolate

...

"Chegaste sem que eu desse conta. Talvez tenhas tocado à campainha mas hoje vejo que estava distraída com algo. Provavelmente absorta no meu mundo.
Foste entrando, quiseste correr o risco de abrir a porta e, deixar-te deambular por divisões que julgavas conhecer; para ti não era a primeira vez que pisavas aquele chão, conhecias os cantos à casa como se fossem teus. A cada passo invadias-me, possuías-me e eu mal me dava conta. Julgava-me segura até a casa começar a ruir... Quando saíste e, não fechaste a porta, apercebi-me da tua passagem... Deixaste a porta entreaberta, o frio começou a entrar e a tua ausência a fazer-se sentir.
Enquanto permaneceste não dei por ti... Devias ter fechado a porta! Foste o mais sublime, o que apelidei de "o mais sublime dos cabrões" e, a culpa foi minha... tudo porque não mandei arranjar a campainha!
Da próxima peço que toques, que batas freneticamente à porta e, que no hiato de eu chegar, pé ante pé à porta, não desistas...que me oiças perguntar do outro lado – quem é... ouvir-te responder e, sussurrar-te em seguida enquanto olho ao relógio...demoraste tempo demais na tua não linearidade! Perdeste-te no tempo. No teu. E desencontraste-te do meu.
Neste hiato, entre quartos e pátios da minha casa, tocaste-me e eu perdi-te o toque, o teu cheiro, desencontrei-me do teu olhar, de ti, entre corredores labirínticos. Perdi-me de mim e encontrei-me no vazio da sala sob o horizonte.
Encontro-me agora de pé, não à tua espera mas à minha. À espera do retorno a mim mesma enquanto a luz teima em fugir para dar lugar à escuridão.
Amanheceu e eu não dei conta. Dou por mim em pé, ainda na sala a olhar o horizonte e, pergunto-me...estás aí?"

Quando um presente é paixão.

Todos recebemos presentes no Natal, bem este "todos" não pretende ser global mesmo...enfim...à parte de realidades, e todos adoramos abri-los, rasgar papel tem um efeito perverso porque aquilo de facto sabe bem! ...desculpem-me os verdes.
Porém este natal recebi o que não estava à espera. Recebi paixão pelo natal.
Como é que se dá isso a alguém? Como é que se embrulha? enfim...FAQs que vocês colocam e sobre as quais eu não vou responder...
A verdade é que aconteceu e é daqueles que são bons para sonhar, relembrar...enfim...tudo a sós.
Bem, se for com o "pai natal" daquela prenda... ( ok isto está a ficar descontrolado...)
A verdade é que ainda é possível que haja um Natal original...

Como diz a sabedoria urbana: Este natal já queimou, siga para a passagem do ano!

Agora esmerem-se...

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Vincos sobre o que não se esquece

Dos dias passados contamos histórias por dentro, sobre as quais tememos partilhar ou contar, contamo-nos isto e aquilo, e desenhamos imagens rarefeitas mas tão cheias de presença, tão singulares que nos fazem rir, sorrir, ou então emoções pendentes, rastejantes, penosas mesmo; choramos largas lágrimas de tristeza, de perdão e choramos o não acontecido, por dentro dessas histórias que podem ser de lenta dissecação, que leva tempo sobre os pensamentos mais vulgares. Exactamente por imaginarmos, por termos essa inresponsabilidade quase diária de invocar sentimentos teimosos, persistentes que nos dobram, vincam, magoam, é que lembramos dessa impossível subtileza não utilizada a que se chama memória totalmente apagada. Quantos de nós ousam esquecer alguém ou um lugar associado sem pensar que não se vai esquecer assim, refém de uma vontade momentânea. Quantas tentativas de imagens apagadas relembram outras? Sequências inteiras que me diziam: volta. Teço à minha volta fibras de esquecimento mas a minha coragem insiste nos berros que me dás por dentro e elas desistem logo ali, esfarelam-se.
Solto-me? Aquela viagem que me fez parar no centro da europa resume-se a pouco. Tu foste-te de vez sobre passos largos depois da linha de fronteira...subsiste, prevalece o sentimento sobre a imagem, e depois novamente aquela triste imagem que nos surge logo mais uma vez; recorrente- assim de tempos em tempos. Nunca serás um país esquecido, tens a impossibilidade e a minha vontade como prova irrefutável.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado

-Mas que gostar provinciano! -disse ele.
A série de discussões decorria a ritmo avassalador, hoje perdi o episódio e esqueci-me da chatice do dia.
Por vezes é bom esquecer que existe uma quezília à hora marcada, mas que depois aparece multiplicada, com repercussões não lembradas por mim e sobre as quais exijo desconhecimento absoluto. Mais que não seja para acentuar a dita verdade exposta.

A cidade invoca deliberadamente afastamentos cirúrgicos.
Desses, e sem culpa, perco amigos, ganho desconhecidos amigos de outros e as lágrimas já não fazem sentido. Daí resultam outros, não os meus: os dele.
A vida soma-se, vai-se somando e para variar ninguém sabe dividir;
Nem contas de dividir...

As cidades auto excluem-se de mentira mas morrem cedo de vergonha.

Não tenho vergonha, apenas saudades do que podia ter sido a urbe que decalquei na memória.
Vislumbrar um projecto na cabeça é bom quando o tempo responde afirmativamente, mas pode ser ingrato se a cidade, e por quem ela é manobrada, nos derrotar primeiro.


Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado.
Mas se continuas assim, cidade; eu digo-te adeus.

Pavilhão sem china

Quantos brinquedos tens? Perguntou o miúdo mais novo...
- Tenho imensos, cabem-te na palma dos sonhos.

Hoje sonhei ser grande e vencedor. Venci porque dei.
Não sei se amnhã os dias são tão suaves. Repensar o dito, nomear os silêncios amúos e gritar adoro-te.

Até amanhã mestre dos sonhos