domingo, maio 18, 2008

The man with the hat is back



















Nasci no ano de 1980, há quase 28 anos, recordo a minha infância muitas vezes durante as minhas semanas, meses. Lembro-me que as melhores coisas que fazia era imaginar, criar, e para isso fui agarrando esses pensamentos nos desenhos, uns bem toscos, mas eram bons desenhos, eram sobretudo verdadeiros e neles continham uma superfície muito espessa de universos. Lembro-me do dia em que recebi o meu primeiro videogravador VHS da marca Singer que tinha custado uma pequena fortuna aos meus pais num Natal mágico! Por essa altura vi pela primeira vez o Indiana Jones e o Templo Perdido. Sim, Vi primeiro o Segundo filme e só depois é que vimos os Salteadores na RTP o qual gravámos com os intervalos todos! Lembram-se do anúncio do Black Trinitron da Sony e dos anúncios da Singer em catadupa? Lembro-me também que o Templo perdido estava gravado numa cassete VHS de capa branca da JVC e escrito a lápis. Essa fita passou tanto mas tanto que nem sei se ainda sobrevive a mais visionamentos! O fascínio por esta série de Filmes acontece porque o Sr. Harrison Ford fez um favor de nos deixar cenas memoráveis que tornam o personagem e a série num ícone dos anos 80. O Famoso Arqueólogo não é um Herói, eu nunca gostei de heróis também, este personagem é um refilão, tem medo de cobras, é trapalhão, teimoso, erra, mau feitio, enfim...Esta personagem imperfeita criou "somente" um género cinematográfico. Além do mais estes filmes têm um triângulo perfeito: além do actor do dono do chapéu temos "só" o imaginário de uma criança que inventou estas aventuras e que permanece como um visionário, o sr. Steven Spielberg, que deve ter contagiado duas décadas de potenciais realizadores de cinema; por último também o sr.John Williams que é responsável por uma OST divinal reconhecível em qualquer canto deste mundo. O som parece que nos chega em partículas meticulosamente escolhidas com a intensidade da cena. A riqueza desta simbiose só podia ter dado em algo tão estrondoso como estes primeiros três filmes. O George Lucas não tem lugar neste Trio...ele é bom para: decidir-o-que-não-fazer-num-filme! Aquilo que ele sugere deve ser encaminhado para o lixo mais próximo. Eu só acho que eles o aturam porque assim elimina logo as más ideias de uma vez achando que são fantásticas! Até dá jeito...

Esta quinta-feira estreia o novo e o quarto Filme da série e para dizer a verdade acho mesmo que o filme vai arrasar. São 19 anos depois do último filme ter saído para o grande público, 27 desde o primeiro e imagine-se o Indiana Jones com 66 anos deve estar no pior dos seus defeitos: mais resmungão, mais trapalhão, mais mau feitio, enfim...só pode estar no auge!
As pessoas esquecem-se que a melhor cena e das mais memoráveis é a famosa luta no Cairo entre um espadachim e o Dr. jones em plena praça cheia de gente em que não há nenhuma cena física entre os dois. Nada que uma bala não resolva o assunto em 2 segundos...
Por isso não acho que seja estúpido voltarem com ele, de certo que o sr está em melhor forma que muitos "fãs"...muitos destes devem estar encaixados nas poltronas das salas deles a comer pipocas prontos para que o filme saia em DVD para criticar..tal é a inércia.

Tenho a certeza que o filme não vai ser um fracasso. No Box-office não vai mesmo...antes pelo contrário... Mais uma vez, o Indiana jones tem um dos valores mais altos de Box-office de sempre...e imagine-se que os bilhetes aqui há uns anos eram mais baratinhos!

Vou lutar por ir à estreia...
quem quiser dar uma olhadela...o Link: www.indianajones.com

Se a saga não ficar por aqui também acho que não será o fim...os três grandes mentores que vivam por muitos e bons anos...

uns quantos diálogos...
1|
Indiana: Give me the whip.
Satipo: Throw me the idol. No time to argue. Throw me idol, I'll throw you the whip.
Indiana: [throws the idol] Give me the whip.
Satipo: Adiós, señor.

2|
Indiana
: There's a big snake in the plane, Jock.
Jock: Oh, that's just my pet snake Reggie.
Indiana: I hate snakes, Jock. I hate 'em.
Jock: C'mon, show a little backbone, will ya?

3|
Brody: Marion's the least of your worries right now, believe me, Indy.
Indiana: What do you mean?
Brody: Well, I mean that for nearly three thousand years man has been searching for the lost ark. It's not something to be taken lightly. No one knows its secrets. It's like nothing you've ever gone after before.
Indiana: [laughing] Oh, Marcus. What are you trying to do, scare me? You sound like my mother. We've known each other for a long time. I don't believe in magic, a lot of superstitious hocus pocus. I'm going after a find of incredible historical significance, you're talking about the boogie man. Besides, you know what a cautious fellow I am.
[throws his gun into his suitcase]

4|
[Upon opening the Well of the Souls and peering down into it]
Sallah: Indy, why does the floor move?
Indiana: Give me your torch.
[Sallah does, and Indy drops it in]
Indiana: Snakes. Why'd it have to be snakes?
Sallah: Asps. Very dangerous. You go first.

5|
Indiana: [Indy's first lines] This is it... This is where Forrestall cashed in.
Satipo: A friend of yours?
Indiana: A competitor... he was good. He was very good.

Extensão três

Extensão dois

Extensão um

sábado, abril 05, 2008

quinta-feira, março 27, 2008

Platz

Expresso do Oriente

Hoje pus-me debaixo do chuveiro e da sua água escorrida com a torneira rodada sensivelmente a meio, na quantidade e na temperatura. Desliguei os olhos dormidos e silenciei-me para ouvir o fim dos ruídos urbanos. Pausas. Sinto-me numa pausa atenta. Atenta sim. Presumo que me estejas a tentar perceber, bem...e eu a tentar explicar-me. Não obtenho respostas fáceis e deduzo que não sejas crítica a este ponto. Tu saberás na altura certa o porquê de ter saído de casa numa pressa controlada há uns meses atrás. Saberás e perceberás que a distância que irei percorrer vai decidir a minha pequena parcela de felicidade que pretendo concretizar, tê-la, nas mãos, no corpo, por todo o lado. Quero ter esta viagem em fotografias, em reportagem; quero tê-la simplesmente.
Já perdi o interesse dos recortes de jornais e dos documentos e fascículos geográficos, farto de coleccionar sonhos e desejos, preciso de uma cesta/mala que me leve tudo que necessitarei, preciso dos documentos e de algum dinheiro. Julgo que só, Não creio que se trate de uma crise negativa, se é que as crises também poderão ser positivas, não, acho mesmo que é o princípio do nirvana. Um nirvana puro e possível no meu mundo que tu também já beliscaste. bem, no fundo é apenas a agitação de uma viagem há muito pensada e prometida, uma carruagem de viagens que um dia será mítica, isso sim, sem dúvida. Parto hoje de Madrid com destino a Paris para iniciar a aventura, ouvi na telefonia uma ocupação de tropas alemãs, os jornais de hoje não falam de outra coisa, parece que a guerra chegou à Polónia, ainda assim, farei a minha aventura sem mais demoras. Estou hospedado num Hotel que fora um antigo convento precedido de um quartel da Grande Guerra. As notícias que aqui chegam não são animadoras, a BlitzKrieg Alemã parece ter furado um país sem oposição num ápice, quem sabe onde eles param agora? Apesar de tudo não estão a assustar-me e peço-lhe que tenha confiança, espero que se mantenha atenta pois nem Paris nem Londres estão a salvo. Por esta altura já estarei em Viena, possivelmente a beber um chá a ferver como eu prefiro na esplanada virada para uma praça repleta de Música. Deixo-lhe com esta carta um bilhete para vir ter comigo e concluir este sonho. Não sei, talvez acabá-lo com a mulher que amo não fosse assim um devaneio tão grande. Não sei se ainda se encontra no velho hospital em Paris, desde que me deu aquele bilhete pequenino com a sua morada que penso neste convite a par com a viagem. Assumo a probabilidade de não vir ter comigo, percebo que mesmo esta carta poderá não chegar às suas mãos a tempo, poderá mesmo nunca chegar. Sei também que poderá mesmo não querer vir sequer, espero que não se canse das minhas pequenas aventuras, distanciamentos. Há também o princípio de uma guerra aberta com Inglaterra e França, e talvez não seja seguro que viesse ter comigo, sinto-me dividido. Não saberemos se será possível também... Ainda assim, re-escrevo, percebo que não tenha disponibilidade e por isso não elevei demasiado as minhas expectativas, apenas sorriria se a visse chegar no 14 de Setembro à renovada estação de Constantinopla. Seria esse fim de sonho...o começo de outros.
Trago um velho bloco de notas sobre esta viagem, demasiado riscado e profusamente carregado de mapas e conselhos, histórias e amigos, velhas fotografias antigas a separar folhas já muito amarelas e soltas. Apesar de ser ainda do velho percurso algumas das paragens ainda se fazem, espero que me ajude, as referências são enormes e passei horas diante a ouvir o meu pai a dissertar a beleza e a importância desta viagem na sua vida, uma viagem que o meu pai me deixou...
Peço-lhe ainda que venha de azul turquesa...ficará deslumbrante por certo!

Talvez hoje esteja com um bilhete que lhe deixei a ser rasgado na Gare du Nord...
Talvez...

Madrid, 2 de Setembro de 1939