sábado, julho 28, 2007

Sorrir

Imitar a solução menos barulhenta do rir é mesmo tão improvável que surge, anteriormente, uma gargalhada acertada no tempo e na projecção. Esse lado previsto e controlado mas tantas vezes demolidor faz-me adivinhar! Ou então não, é tão manipulável quanto tudo o que cá existe neste pote globalizadoe o leve sorriso deixa de ser contabilizado, sentido. Sorrir é talvez das coisas mais cheias que podemos fazer e devemos fazê-lo sem pressas, sem ansiedade, sem interesses, sem contagens, sem questões...

Então, e agora, sorrimos?

:)

Cheiro idílico...poça turva

Abeiras-te sobre um pescoço reluzente e sobre ti são sons pouco idênticos que te remexem o momento.

Circunspecto

Sou os passos difusos que não dou.

Elementos

A vida é composta por elementos,

são tiras de papel
são tiras de papel
são tiras de papel

diferença
diferença
diferença?

igual
igual
igual

não quero
não quero
não quero

segunda-feira, julho 23, 2007

Olhem as borboletas que recebi!


O tempo dos sonhos

Os tons negros seduzem a folha de papel pintada por Mário Rita nesta nova exposição individual.
São tons mais negros que nunca denotando uma expressão desenhada, ou riscada, se quiserem, mais intensa, mais vincada.
Para mim marcam e mostram a perturbação do sonho e todos os seus braços que o seguem, sem fio ou linha de guia aparente, sem um caminho pré-delineado; E então, daí, surgem elementos improváveis na tela, que dão cor, dão vida, como objectos que nos fazem lembrar do sonho mas não nos faz perceber a razão: Porque o sonhámos? É este jogo entre o esquecido e o lembrado de um sonho que me parece que esta exposição assenta...

Negro e também perturbador, por vezes, tal como o espectro de um sonho.

A exposição está no Museu da Cidade.

sexta-feira, julho 13, 2007

terça-feira, julho 10, 2007

A menina descansada...

Tocou o relógio e o acordar dela era sempre assim, ajeitava os óculos pois nunca estavam direitos, parecia mesmo que o seu rosto era assim, desenhava-se por aqueles óculos desarrumados que depois tornavam-na assim, escondida, depois, seguia-se o tumulto de se levantar e estar tudo fora do sítio. Era um concerto diário de movimentos que a faziam acordar, e então despertar. A sua primeira decisão era escrever o seu dia, e, mesmo que não seguisse os passos que estipulára, fazia sempre questão de os escrever, uns mais sonhos que outros, mas no fim ficava um sabor de alegria porque sabia mesmo o que era sorrir, mesmo que trancado pelas possibilidades que a vida lhe oferecia.
Por dentro do sotão, onde dormia, a menina repetia os seus gestos com prontidão e sonhava por dentro das impossibilidades, se alguém por um pedaço de momento que fosse pudesse entrar por ali fora, irrompesse pela sua alegria, perceberia a mágoa que a fazia sorrir, aquelas angústias passadas marcavam-lhe os pés, golpearam-na e ela apenas convivia com isso, já esquecera esses tormentos com a soma dos anos passados, ainda assim marcavam-na pelo pior dos sítios, a sua auto-estima. Essa menina que falo gostava imenso de bolachas e adorava brincar sozinha, verdadeiramente não conseguia brincar com mais ninguém sem que pensasse que lhe iriam fazer mal, era uma pequenina muito pouco sociável mas sempre uma criança adorável.
Aprendeu a crescer sozinha por entre as dificuldades que o seu Avô passava. Era o seu único apoio mas era um senhor já muito velho e a sua saúde ficava cada vez mais instável...
Por um dia mostrou todas as suas manias, as suas colecções, os seus recortes, as suas músicas, por um dia mostrou-se mais. A pequena crescera e ficára uma linda rapariga, os seus olhos eram magníficos e traziam tanta luz por dentro, já não existia aquela dor, já não se sentia escondida do mundo. A pequena agora era grande, a sua alma tinha um tamanho sem fim, as suas ambições, os seus sonhos, era uma menina, sim, nos seus olhos largos de tom suave em castanho mel em tudo mais era uma mulher, pronta para abraçar a felicidade, pronta para receber quem a amasse, mas tudo sem pressas, percebeu que apenas ela a faria chegar aos seus intentos, perseguindo os dias um-a-um, sem a pressa de fazer ou de errar, apenas com a certeza de ter realmente vivido!
É uma certeza difícil mas amenizável... mas fazer mais por nós é um assunto interminável...é tão interminável quanto a vida desta pequena que sulcou as terras da desigualdade e deixou-as lavradas; tornou-as mais felizes, com mais esperança, com mais sorrisos...A pequena agora crescida devolvia em duplicado os sorrisos que não teve, abraçou com os braços que nunca sentiu, percorreu por todos os pequenos rostos que vira e ensinou-os a sorrir e a sonhar, os sonhos que por pouco ficavam por terra...os sonhos pelos quais lutou e viu que afinal tudo é ultrapassável, Os seus pés, no fim, traziam terra, mas o seu coração trazia brilho em pó e no seu reflexo: África .
A menina voltou.
a menina tinha agora 94 anos.
a menina sorria descansada.

domingo, julho 08, 2007

sábado, julho 07, 2007

sexta-feira, julho 06, 2007

Volúpia geométrica

As palavras Interditas

Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destin flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.

na areia abranca, onde o tempo começa,
uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.

Os hospitais combrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-te...E entram pela janela
as primeiras luzes da colina

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressass, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

Ea noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.


Eugénio de Andrade

Maratona Fotográfica de Alfama | Número Quatro

A vida como um Mikado.

a vida é um mikado cheio de pauzinhos ás cores. As paixões são quase como tirar o pauzinho mais distante, o mais difícil, o mais apetecível.

Dezembro de 2005

quinta-feira, julho 05, 2007

"O sentido das cores"

Hoje será a inauguração de uma exposição de Pintura pela qual tenho esperado nos últimos dias.
Primeiro começou com a ligação e amizade à Artista Plástica e Pintora Maria Eduarda e aos primeiros passos para esta Exposição individual de Pintura que irá estar presente em Campo de Ourique hoje ao final da tarde. Aguardo como muita ansiedade e, apesar de saber exactamente quais as telas escolhidas, e de as ter visto uma-a-uma a evoluir desde a sua fase mais embrionária até à complexidade das sobreposições, das colagens, das transparências e das subtilezas, sei que vai ser uma surpresa. Tudo está anunciado, conheço-os de cor, e ainda assim sei que me vou surpreender. As geometrias foram iniciando o seu mundo reflexivo, sendo que, foi começando a haver uma uma transição conceptual que levou Maria Eduarda a outras abordagens pictóricas. Quase como segmentos dissociáveis e com personalidades próprias, mas que depois vão cerzindo na minha imaginação sem aquele complexo de que uma exposição tem-que-ter-um-único-conceito como indicador de fase e de uma busca incessante. Aqui o universo parece-me que seja menos preocupado com preconceitos expositivos e parte para uma necessidade, que a mim me diz mais, que é o sentimento de que se deve fazer o que se gosta e o que diverte a pessoa que domina e detém a sua arte. Aqui parece-me que foi isso que aconteceu, por entre tropelias, sorrisos e também alguns momentos menos bons, há-que dizê-lo sem receio, surgiram, diria, três tipologias de imagens. Nenhuma se sobrepõe a outra, todas parecem jogar como um diário pintado e a suas expressões dissonantes merecem toda a atenção, é preciso atentar o pormenor. Vê-lo na sua totalidade e também na sua micro-escala, como um pequeno recorte que pontua a tela e a sua encenação pintada. E como um hipotético diário pintado surgiram variações sobre as tais tipologias. Creio que aqui encontro um ponto de linearidade por entre a pintura de Maria Eduarda, a tal que é muito subtil mas entende-se; talvez fosse preciso que todos tivessem acompanhado este percurso para que percebessem a simbologia da exposição e os sentimentos implícitos em cada pincelada, em cada acerto pintado sobre um recorte ou uma geometria, ou ainda sobre uma superfície aparentemente uniforme. É preciso uma coragem interior, sobre a qual respeito sem perguntas, que fizesse levar uma exposição que enfrentou muita vida pelo meio. Vida no seu sentido mais verídico e pungente. Na sua dureza e a na sua superação... Por isso e por muito mais irei hoje com um sentimento de contentamento e de curiosidade pois sei que irei descobrir tudo, será o espaço e no seu jogo com as telas que decidirá a defesa final de uma colecção muito significante para esta família.

Um beijinho Muito Grande para a Maria Eduarda, para a Maria e Teresinha. E um abraço para o Manel, e Para o Xico. do joão. Até logo!
Vcês todos teceram esta exposição...PArabéns!!

quarta-feira, julho 04, 2007

Muitos PARABÉNS!!

Muitos Parabéns para a Maria Eduarda!

Eu sei que não lê o blog mas fica aqui o meu registo!

Gostava muito que os seus pensamentos fossem só bons este dia e que continuassem e perdurassem para sempre! com serenidade...


Bem, Gostava muito de lhe poder dar um beijnho mas nem sempre é possível concretizarmos os nossos desejos e intenções. Mas o mais importante é que esteja ALEGRE, que esteja bem disposta, e divertida, como sempre aliás. Já tenho saudades das suas gargalhadas, dos filmes e das nossas conversas!


Um beijinho


do joão pedro

Como partir um espelho retrovisor lateral em três passos

Passo número um: Ir a conversar com um dos teus melhores amigos sobre ti, como poucas vezes fizeste na vida.

Passo número dois: Tentar estacionar uma carrinha com quase cinco metros de marcha atrás e insistir na conversa sobre assuntos objectivos em vez de tentar realmente estacionar...e olhar para tudo menos para as laterais do carro.

Passo número três: Não ver um pilar de secção rectangular que se vê da Lua e esquecer que o carro não recolhe os espelhos por vontade própria!




P.S. 1- Depois do episódio do poste de iluminação parece que esta saga começa a ganhar alguma expressão...Vamos ver como decorrem os próximos dias...espero não entrar em despesas. :)

P.S. 2- Salvou-se o resto do dia pelo jantar ...e pelo moscatel! :) eh eh

O assassino de Milan Kundera

(em breve...)

...


Como acertar num poste em cheio em três passos.

Passo número um: Achar que consegues ajudar um Familiar a estacionar um carro gesticulando antes dele saber onde estás.

Passo número dois: Achar que consegues andar e gesticular ao mesmo tempo, mas ainda mais rápido, só para ter a certeza que te estão a ver, circulando pelo passeio e dando referências físicas sobre o sítio a estacionar, logo assim que te vê.

Passo número três: Não olhar sequer para onde se está a andar, e ninguém te avisar para onde te diriges. ( porque raio também uma pessoa não se desvia de um poste com 10 metros de altura!???)

Podem fazer sozinhos na rua desde que: 1- Arranjem um poste de iluminação daqueles em calhau. " solid as a rock"
2- Arranjem um objecto para estacionar.
3- Um familiar desorientado e à tua procura ( a condição de estar sozinho é só para o grande final, o "embate")
4- Arranjem um capacete porque o poste magoa.
5- Levem coisas desnecessárias nas mãos tipo: dinheiro, telemóvel, carteira, multibanco, chaves do carro, de casa, um livro e textos escritos em A4, tudo ao monte, pois é muito provável que vá parar tudo para o meio da rua a rebolar e as folhas a voar.


Enfim, se seguirem as "normas" é provável que não se magoem tanto, nem fiquem arranhados, nem com a testa com um galo e um peito dorido.
Ah, já me esquecia: A dor é variável e depende da velocidade do impacto...óbvio. E se não levarem capacete...ui ui

Enfim. é menos dispendioso que ir de "rabo tremido" mas magoa mais! Estou dorido...Ouch
Impressive.
A minha desatenção atingiu hoje o cume. Ha uma frase escrita pelo meu pai muito clara:

"não há fundo para além do fundo"
eu diria que, em tom de reserva e ponto final para as minhas destrambelhices:
"não há tecto para além do tecto". ponto comum: dali não passarás!
Há sempre uma novidade na via pública...Será que irei sempre contra ela? Raios!

terça-feira, julho 03, 2007

Um piano fechado

Afastei-me da música.
Por dias afastei-me dos sons, tentei libertar-me da sensação oca de não pensar com razoabilidade nem de me balizar, sinto que a minha música tem tempos indefinidos, sei que não são pausas, são instantes longos de meditação. O piano não se partiu, fechou-se. Encerro-o, encerramo-lo porque a música já não era a mesma, prendeu-se, inexplicavelmente; aqueles sons que traziam azul e brisas eram agora momentos de angústia e recúo, não era uma tortura, estou certo disso. Adoro o meu pequeno piano, adoro a minha música, mais, adoro o teu som pianinho... Acho que dele sei que posso esperar tudo, sei que me acompanhou por dentro e sei que viajámos por dentro dos sons, por dentro das palavras, os dois, a dois; fechámos um piano cansado, não foi? Fechámo-nos para reabrir as portas do azul e do espaço, das brisas e do mar. Assim, soltos...Não sou um belo pianista que pretenda chegar ao topo, pretendo meramente chegar a ti, meu piano. Gostava de pousar as mágoas e partir. Deixar-me seguir por lados que me levas e me apresentaste. Deixar-me levar por caminhos novos sem tanto questionar, sem perguntar teimosamente: porquê?
Quero prosseguir sem deixar dúvida, és o meu piano mas agora os tempos exigem que tu sejas tu, e nem que seja o silêncio das notas ou os resquícios que me façam chegar para perto, nem que morda as pautas de papel, as notas duras e pungentes. É o mínimo suportável. Um perto longe. Preciso agora que descanses piano pequeno. Tu precisas de voltar ao descanso das cordas mais suaves, seja que silêncio for, seja que pianista chegar. A minha casa ficou mesmo aberta quando os sons saíram, quando eles ameaçaram sair de vez. Ficou aberta mas não fica em pausa. Não te disse mas ela ficou assim, um portal só para ti pianinho, sei que terás uma nova sala, onde caberão os teus mais aprimorados tons. Eles dariam cor na mais triste sala, mas não é isso que precisas agora...necessitas de sonhar e de fazer sonhar...Precisas de uma sala mundo que tem a tua cara, para que possas escolher sem pressas. Sei que o teu tempo é de renovação, e sei que o meu espaço cansou os teus movimentos suave, sei porque sinto essa mágoa. És um Lindo piano e não preciso de parar para saber disso, não preciso de uma memória Mestre, não preciso de fazer um grande esforço mental, recuar assim tão no tempo para te ouvir conversar e sorrir, piano. Sei que os teus momentos são exigentes e sei que de ti as coisas sairão puras, porque precisas desse teu espaço impartilhável como segurança, e o outro apenas para alguns. Mas que te darão tudo. Um dia haverá um tempo de tu voltares, o teu som sairá melhor do que nunca. As saudades que deixas são imensas, os tempos em que me quero mexer e não te tenho por perto fazem-me chorar, mas sei exactamente as teclas da tua alegria, sei por quem és e porque o és, conheço-te muito bem e tu sabes disso, sabes que também que mesmo sabendo as nossas músicas foram perdendo vigor, ou , talvez, aumentaram mesmo e tornaram-se incompreendidas, tanto em ti como em mim. Quero encher-me de mim porque sei que deixei de tocar música há alguns meses. Sempre soube o que era isso contigo e sai sempre um bom sorriso ao pensar. Não é mágoa, nem tristeza pura, é outra coisa sem-nome, arrebatadora. É desequilibrador quando incessante...Memória distante? Sim. Um pouco sim. Talvez o suficiente para teres saído sem as cordas a estremecer. Mas até acho que isso foi bom, sabes, pianinho? Não te censuro, faria o mesmo se sentisse o teu cansaço e as tuas dúvidas. Se sentisse o nosso cansaço, não irrompeste por aí fora e nenhuma corda se partiu, mativeste-te intacto meu piano e agora és teu. Quis ser um destino para ti nestes meses mas não consegui transmitir-to, encher as nuvens de ar novo e chamar os céus menos carregados, pegar no teu leve peso pianinho e levar-te daqui.
Mas alguém te quis levar primeiro e apenas me resta pensar que será o melhor, alguém te levou para voltares a voar e descansar, alguém mais sabe que é isso que precisas, acalmar o teu corpo feminino piano, esse que encerra a mais bela das almas tocadas. Sei que é o melhor, sei que é o que precisas e necessitas para te reencontrares brevemente. Retomar as tuas paixões com essa leveza de querer e ir, sem prisões ou pensamentos perdidos, sem distúrbios ou distracções; sem problemas e inexactidões. Sei e conheço muitos sons teus aos quais não precisei de tocar para saber. Sei porque foi isso que me juntou a ti meu pequeno. És a musicalidade toda e sabes bem disso. Por vezes não fui o músico que precisavas, e sei que não acompanhei na medida certa os teus velhos e sons amigos, bem como os novos que gostavas de experimentar, ouvir e tocar! Sei. Simplesmente sei. Gostava tanto que soubesses ler. Gostava mesmo que conseguisses ler-me pianinho...
Na noite que nos zangámos e fechámos os céus que me traziam o tecto eram fechados, não eram soltos e leves, traziam pouca luz, não foram de papel e quebráveis. Não olhei para ele sequer porque via sempre um céu azulinho que sabia que já não estava ali. O céu tornou-se inenarrável, mas por dentro da tua caixa de música sei que as coisas vão melhorar. Sei os sons que tens por dentro e queres libertar! Sei que és mais, muito mais! Sei tudo o que preciso de saber de ti meu pequeno e lindo piano. Sei porque mundos passeias, e porque céus pretendes chegar, porque ... horizontes, porque sons... Sei a quem me tenho de agarrar, e voltar a sonhar, os dias mais tristes mudarão. Voltar a encher o sorriso novamente, recompôr-me, voltar a Ser. E aí sim... Sonhar bem alto e fazer. Não vou caminhar entre mimetismos porque esconder é mau. Não posso mimetizar, camuflar o que sinto. Não posso pianinho. Nem esquecer tudo o que tocámos. Impossível. Ninguém o faria, acho. A minha sorte é que não me lês e jamais saberás que eu entendo esta paragem. Entendo-a porque também a sinto. Sinto como se fosse o melhor e nós merecemos isso. Merecemos voltar a sorrir e depois quem sabe.. Poderá até ser o que não chegámos a nomear. Qualquer uma delas. Mas agora os tempos são outros...
Voltar a Ser, repensar, reencontrar o Sol a chegar do outro lado, um novo lado do dia; mesmo que seja um Largo dia como tem sido e antevejo. Mas ele chegará. Seja em que forma for, seja que Cor, seja em que tempo. Em que Tempo...
As dores ficam guardadas num sítio diferente das coisas boas. E sei-o sem a eterna dúvida exasperante piano. Os bons ficam numa gaveta aberta para as visitar quando sentir falta.
"A gaveta das coisas boas" a "gaveta das memórias"... A gaveta não é um local totalmente encerrado, nem fechado, é antes um local de visita, não é um local esquecido... É uma parte de tudo o que deve ser lembrado. E sorrir. As pautas que foram tocadas ficam lá, aquelas que correram muito bem, há também aquelas, as outras que simplesmente sobraram. Essas lembro-as eu...

Ai as cores imensas que fazias nos teus momentos. É sorrir que preciso. É lembrar que preciso.
Preciso de recuperar energias, estender-me por calmarias que não sei quando chegarão. Mas este lembrar é bom. Não penso noutros pianinhos, nenhum tocará a tua música. O teu perfumado Ser que retomarás incondicionalmente e sei falhas. Também não quero que percas o tom nem o fulgor que pulsa por dentro da tua madeira. Que ecoa e se expande pela aba aberta ao mundo. Nunca quis que esse som acontecesse num sítio só, que se encerrasse à minha volta. A tua música existe para o mundo, para o céu e para o mar. Oceanos tocados por ti são tudo...És um livro de música como nunca tinha lido. Sabes, por vezes não precisamos de Ler tudo para saber que há um que é o melhor. Melhor, há um que te faz mover de maneira diferente e que te sacode o coração de um jeito bom.
Um dia talvez mande aquilo que escrevi, um dia talvez oiças o que tenho para dizer, porque tu dás-me esse tempo, eu sei. Oiço as tuas notas de sabedoria.
Porque eu sei que tu ainda me ouves. Só não sabes Ler meu Lindo pianinho...Um dia aprenderemos a tocar a dois novamente. Um piano fechado mas não partido. Pode ser tudo o resto, esquecer não.
Até já.

domingo, julho 01, 2007

Maratona Fotográfica de Alfama | Número Três

Quatro

Pus quatro livros na mala:

Sinal Breve.
463 Tianas.
Poesia Brasileira do Século XX.
Poemas de A.

pus quatro livros na mala e nenhum me socorreu quando precisei.