quinta-feira, setembro 15, 2005

Outubro

A Negra apressa-se no revestir da barraca no bairro 1º de maio
A Barraca é feita de papel
O papel da barraca não sustém as novas chuvas
As velhas tábuas de madeira maciça saiem debaixo do colchão
A antiga Fábrica destruída dos comboios já não abriga o velho nem a família,
nem os outros
O dinheiro que sobra dos livros de escola aguenta a fome
A fome persiste e faz chorar a rapariga mestiça, bastarda.
O pai: que besta!
A brancura do horizonte cerca a fragilidade de paredes soltas com olhares altivos
a pena não constrói
a necessidade rouba
paredes sem tecto
tempestade iminente
Os pregos roubados juntam-se aos outros e encerram a fortaleza
fortaleza...
que tristeza
as mãos vincadas e as outras ajudam
mas em vão
inépcia camarária
velocidade amadora
Amadora...

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