segunda-feira, janeiro 23, 2006

Invernos sem casa

Abastecer o dia
pouco
pouco
e nada
pedras de calçada
calar o frio com folha de papel escrito
calado
não lhe diz nada
pedras que amparam
outras angulosas
lascadas
sulcam-lhe a pele roxa
noite
luzes cintilantes
fundidas

Meticuloso
de mãos mestres estragadas
ouve os sons da noite
ali
tão próximos
agarras-te a ti
irmão do medo
sem opção
ou
sem opção
remetem-te distante
tornas-te distante
mendigas nos estreitos
e logo ressurges dos cantos
por um ralo invertido
sujo
do esgoto
e sem casa,
não resistes mais um inverno.

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