sexta-feira, dezembro 01, 2006

Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado

-Mas que gostar provinciano! -disse ele.
A série de discussões decorria a ritmo avassalador, hoje perdi o episódio e esqueci-me da chatice do dia.
Por vezes é bom esquecer que existe uma quezília à hora marcada, mas que depois aparece multiplicada, com repercussões não lembradas por mim e sobre as quais exijo desconhecimento absoluto. Mais que não seja para acentuar a dita verdade exposta.

A cidade invoca deliberadamente afastamentos cirúrgicos.
Desses, e sem culpa, perco amigos, ganho desconhecidos amigos de outros e as lágrimas já não fazem sentido. Daí resultam outros, não os meus: os dele.
A vida soma-se, vai-se somando e para variar ninguém sabe dividir;
Nem contas de dividir...

As cidades auto excluem-se de mentira mas morrem cedo de vergonha.

Não tenho vergonha, apenas saudades do que podia ter sido a urbe que decalquei na memória.
Vislumbrar um projecto na cabeça é bom quando o tempo responde afirmativamente, mas pode ser ingrato se a cidade, e por quem ela é manobrada, nos derrotar primeiro.


Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado.
Mas se continuas assim, cidade; eu digo-te adeus.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo que nessa cidade viva uma menina às riscas?

Um adeus ou um até já?

Anónimo disse...

A cidade onde moras é outra.
Tem cor e tu tens as riscas, onde sobressais e encantas.
A imaginação para te colocar noutra cidade tem sido complexa e apaixonante ao mesmo tempo. Sei a que cidade pertences, apenas queria que ela por uma vez soubesse estar connosco, tornar-se outra sem dizer ou avisar; existir.
Moras numa cidade inventada por mim enquanto esta não te merecer.

até já menina das riscas...

Anónimo disse...

E essa cidade imaginada tem sido uma descoberta incrível... Por uma vez deixo-me levar e sonhar...

Obrigada por esta aventura que tem sido... :D

joaopedromira disse...
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