Casa...

Por vezes achamos que precisamos de corrigir tudo o que fizemos ou alterar pequenas coisas, pequenos detalhes que mudariam tudo nas nossas vidas. Por breves instantes pensei que estava a roubar à minha casa as minhas leituras, os meus segredos, os meus sonhos, o meu cheiro, mas eu sei que, mesmo retirando as minhas coisas, eles permanecerão lá, intactos, como sempre estiveram.
Quem numa vida viveu apenas numa e só uma casa? Só esses sabem que sair não é apenas mudar, é também partir, e só hoje comecei a pensar nesta palavra: Partir.
Partir e deixar lembranças, partir e poder voltar para saber que os cheiros estão lá, as pessoas que amas estão lá, as pessoas que te fazem sorrir estão, ainda lá estão, como se fosse os teus mais devotos guardiões. Há segredos que se encerram e se fecham numa casa só, histórias e sorrisos, brincadeiras e brinquedos, namoros e suspiros, paixões e sonhos. Um dia sonhei sonhei ser muita coisa, um dia sonhei, e todos esses sonhos aconteceram aqui debaixo, neste meu tecto constante, esta vai ser sempre a minha casa e ninguém tirará isso, ninguém nem nada, nem um breve pensamento me fará recuar.
Hoje desmanchei partes de mim, em livros, cds, Dvds, desenhos, folhas brancas, testes, diplomas, cadernos antigos, são peças de um puzzle que levo, não todas, apenas as necessárias para construir mais mas noutro lugar, para deixar migalhas, memórias, para um dia conseguir voltar, tal e qual como numa floresta escura.

Há uma coisa que sempre deixarás: chama-se saudade.