quinta-feira, junho 04, 2009

Sobre os preconceitos nos livros infantis...

Transcrição de um post do blog - http://olivroinfantil.blogspot.com

No módulo de Edição do curso de Pós-Graduação em Livro Infantil fomos desafiados pela docente Isabel Minhós Martins (uma das mentes criativas da editora Planeta Tangerina) a alinhar num papel alguns dos preconceitos mais comuns que existem à volta do livro infantil. E são muitos. Ideias erradas, superficiais e generalistas que tomam a forma de verdades absolutas, reproduzindo-se nos leitores, na crítica, nas instituições e na própria comunidade produtora, sejam escritores, ilustradores ou editores. O que se segue é a síntese desse exercício, enumerada em tópicos pela nossa colega Paula Guerra. Para ler, acrescentar, contestar e, sobretudo, reflectir:

Preconceitos quanto ao objecto “livro”:
- só os livros de capa dura têm valor;
- os livros mais finos, de capa mole, não valem a pena;
- não valem o investimento porque podem ser lidos rapidamente numa livraria;
- os livros infantis não valem mais que 5 euros.

Preconceitos quanto ao conteúdo (texto e ilustração):
- os livros infantis são um género menor dentro da literatura;
- são livros fáceis, de conteúdo directo;
- têm uma estrutura interna formatada (no sentido de ser rígida: introdução, desenvolvimento e conclusão);
- devem imitar as obras para adultos;
- é mais importante o texto do que as imagens;
- deve haver uma correspondência directa entre o texto e a imagem;
- as ilustrações devem ser figurativas;
- há temas tabu;
- as imagens não podem ser assustadoras;
- devem ser coloridas, com recurso a cores “bonitas” (ausência de cores escuras e, em especial, de negro).

Preconceitos quanto ao público a quem se destinam:
- destinam-se unicamente às crianças, ou seja, têm um público-alvo pré-determinado e bem definido (faixa etária);
- os livros têm uma classificação por género, ou seja, há livros para rapazes e livros para raparigas;
- os pais não lêem livros aos filhos ou não os compram porque as crianças não percebem, não lêem ou não sabem ainda ler; ou então porque as crianças preferem outras coisas;
- os próprios pais não têm tempo para ler aos filhos.

Preconceitos quanto à autoria:
- são assinados por escritores menores e ilustrados por aqueles que não conseguiram ser pintores;
- qualquer pessoa pode escrever um livro para crianças;
- é fácil ilustrar um livro para crianças;
- os livros para crianças não precisam ter grande qualidade global;
- o autor e o ilustrador não têm que estar em contacto, quando fazem o livro;
- os livros infantis são parte de um universo feminino (são as mulheres que se interessam por eles).

Preconceitos quanto aos objectivos:
- os livros infantis têm objectivos didácticos e pedagógicos;
- o grande objectivo dos livros infantis é a transmissão de uma moral;
- a sua concepção obedece sempre a uma finalidade;
- não proporcionam uma leitura literária.

1 comentário:

Rita Mira disse...

Concordo com tudo.
Até pq no livro que comprei "How to write a children's book" se falavam nessas ideias preconcebidas.