sábado, agosto 29, 2009

Na maralha alguém regou por mim...

E se de repente virmos tudo o que nos ensinaram ao contrário?

Há vários hábitos que nos ensinam a viver e pensar nos actos como elementos sujeitos a consequências. Sem ser criterioso lembro-me das mais elementares histórias- já nem vou aos sábios Orientais...
1-Da formiga e da cigarra,

1-Mas quem é que é a formiga para dizer que a cigarra não se pode divertir?
De certo que a cigarra é nova e o que lhe deve apetecer mesmo é divertir-se e apanhar sol, o inverno que se dane, com tantos amigos, haverá sempre um que me tape as costas, além de que não sabemos se cai uma arriba em cima de nós no Verão e nos trama a Vida, por isso o melhor mesmo é diversão até ao raiar do dia, a formiga será sempre uma tótó e sem assunto mesmo por mais anos que viva! A formiga devia ser menos exigente e "-Agora também não te queremos aqui, e assim nem fazes falta." diz a cigarra Mor. "Já repararam na Formiga? Que enfadonha..." Todos concordam e ainda diz que o melhor era irem apanhar o avião e dar a Volta ao mundo não vá o próprio (belo e amarelo) acabar já já amanhã.
-"Coitadas das que nasceram Formigas, que fado..."

2-da expressão popular: colhemos aquilo que semeamos,

Estão malucos? Com a indústria/máquina a ser cada vez mais cooperante já ninguém suja as mãos, ouvi dizer que as máquinas já nem precisam de manutenção! É fantástico o mundo em que vivemos, produzimos tanto que deixamos de nos preocupar com isso, deixámo-nos de nos preocupar com quem realmente semeia. Se existir uma falha haverá sempre sacrificados pelo nosso bem-estar. Lembro-me da altura em quis comprar pacotes de arroz e só havia dois para cada pessoa! Onde é que já se viu? Já não pagamos preço algum pelo erro e pela falha. Há sempre mais. Já ninguém colhe aquilo que semeia. É indiferente, a obtenção do êxito é inabalável, semeando ou não. Algum sentimento de culpa? Eu só comi, não colhi, e nem tão pouco semeei...que raio de pergunta essa, ora!

3- e de um hábito de quem tem plantas: regar para que elas não murchem e acabem por morrer.

Regar para quê? Reparem...a probabilidade delas morrerem é 100%, nada dura para sempre! Pode ser já hoje, pode cair qualquer coisa em cima no próximo segundo, a própria planta não deve ter grande vontade de viver, nem se mexe! Para crescer 2mm foi um suplício! Isto não está mesmo a dar, que merda de planta esta, fui logo escolher uma que dá um trabalhão desgraçado, se soubesse tinha comprado uma que não precisa de grandes acondicionamentos, de água, e se aquelas coisas de apanhar muita luz ou pouca luz, epá que seca, ainda por cima com tudo o que já me aconteceu hoje, pegar num jarro e regar vai ser uma tarefa árdua. E se o regador estiver furado? Foste tu não foste? Deves ser, só podes! Andas a regar todos os dias com a merda do regador que já o estragaste! E agora se não resolveres isso a planta morre...O que é que estás à espera? Deixa lá, já vi uma planta maior...e mais resistente. Essa podes deitar fora.

Uau que paradoxo. Os tempos modernos vivem um sistema paradoxal. Uma asfixia socio-económica promovida pelo acesso directo à liga dos campeões do sucesso e da Felicidade. Já ninguém quer ser o regador da planta, o casaco de inverno, nem a origem do problema, queremos ser o instante da Felicidade. Eu também quero ser Feliz, mas sem agasalho passo Frio, sem regador não Amo e sem enfrentar os problemas não terei realmente Vivido.

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