domingo, outubro 25, 2009

Annie Hall...

Deve haver algum terapeuta conjugal ou psicanalista a receitar filmes do Woody Allen a muitas pessoas. É um recital comportamental a par com Manhattan e outros.
Ontem revi o Annie Hall no canal Hollywood, melhor, ontem vi a sério o Annie Hall, vi com olhos de ver, ou melhor ainda, com um estado emocional para o interpretar convenientemente. As razões pelas quais eu adoro ver um filme do Woody são as mesmas da angústia/percepção de uma vida, está repleta de adversidades e volte-faces romantescos que implicam muitas vezes a sanidade mental de uma das pessoas, por vezes das duas, fazendo lembrar-nos que numa relação há sempre alguém que ama mais do que o outro, como uma caneta bic virada de ponta para baixo, tem demasiados lados para se precipitar e nenhum para se equilibrar. Talvez por isso exista uma referência no filme aos amores ignorantes, quando interpela um casal na rua absolutamente oco de ideias mas que se relaciona sem complicações, diria mesmo que é um marcador, de tampa fechada, achatada, mas que se equilibra perfeitamente em qualquer superfície. Não se abre para escrever mas também não cai.
A personagem é manienta, neurótica e polarizadora, incapaz de perceber a sua frustação social detém nas suas razões a cultura e a dinâmica no conhecimento, acinzentando-se. A outra personagem pela Diane Keaton, é totalmente voadora e precisa de ver elementos novos na sua vida como sinal de mudança e de progressão vivencial, é daquelas pessoas que traz uma folha do género de Supermercado com aquilo que tem que levar para casa para não se esquecer de nada, uma espécie de "Bucket List" de experiências que nos tornarão prontos no fim do ciclo da vida, género : " i´ve been there, done that. Next..." ; porém muitas vezes não há "Next", muitas vezes são essas as pessoas do mundo novo a fazerem-nos:

"Next!"

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