domingo, outubro 25, 2009

No teu deserto...

Desculpa lá Miguel mas vou ter que transcrever...

...Hoje já ninguém vai ao nosso deserto (...) A razão principal é que já não há muita gente que tenha tempo a perder com o deserto. Não sabem para que serve e, quando me perguntam o que há lá e eu repondo "nada", eles riscam mentalmente essa viagem dos seus projectos. Viajam antes em massa para onde toda a gente vai e todos se encontram. As coisas mudaram muito, C.! Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro; fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves" disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda a aquela solidão. (...)

Annie Hall...

Deve haver algum terapeuta conjugal ou psicanalista a receitar filmes do Woody Allen a muitas pessoas. É um recital comportamental a par com Manhattan e outros.
Ontem revi o Annie Hall no canal Hollywood, melhor, ontem vi a sério o Annie Hall, vi com olhos de ver, ou melhor ainda, com um estado emocional para o interpretar convenientemente. As razões pelas quais eu adoro ver um filme do Woody são as mesmas da angústia/percepção de uma vida, está repleta de adversidades e volte-faces romantescos que implicam muitas vezes a sanidade mental de uma das pessoas, por vezes das duas, fazendo lembrar-nos que numa relação há sempre alguém que ama mais do que o outro, como uma caneta bic virada de ponta para baixo, tem demasiados lados para se precipitar e nenhum para se equilibrar. Talvez por isso exista uma referência no filme aos amores ignorantes, quando interpela um casal na rua absolutamente oco de ideias mas que se relaciona sem complicações, diria mesmo que é um marcador, de tampa fechada, achatada, mas que se equilibra perfeitamente em qualquer superfície. Não se abre para escrever mas também não cai.
A personagem é manienta, neurótica e polarizadora, incapaz de perceber a sua frustação social detém nas suas razões a cultura e a dinâmica no conhecimento, acinzentando-se. A outra personagem pela Diane Keaton, é totalmente voadora e precisa de ver elementos novos na sua vida como sinal de mudança e de progressão vivencial, é daquelas pessoas que traz uma folha do género de Supermercado com aquilo que tem que levar para casa para não se esquecer de nada, uma espécie de "Bucket List" de experiências que nos tornarão prontos no fim do ciclo da vida, género : " i´ve been there, done that. Next..." ; porém muitas vezes não há "Next", muitas vezes são essas as pessoas do mundo novo a fazerem-nos:

"Next!"

sábado, outubro 17, 2009

Alone...?



"Alone"


It's been a long day at the bottom of the hill,
she died of a broken heart.
She told me i was living in the past,
drinking from a broken glass.

[Chorus]
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to face the cold.
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to travel home.

I walked down to the other end of the day,
just to catch those last few waves.
I held out my hand and slowly waved goodbye,
i turned now my eyes up to the sky.

[Chorus]
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to face the cold.
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to travel home.

She'll come back to me (She'll come back to me).
She'll come back to me (She'll come back to me).
All alone in this misery.
She'll come back to me.

I held out my hands into the light and i watched it die,
i know that i was part to blame.
My god, my time to die.
Never want to spend my life alone

[Chorus]
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to face the cold.
I'm alone (I never wanna be alone),
now i (now i) turn to travel home.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Play it again...Sam

"As time goes by..."

[This day and age we're living in
Gives cause for apprehension
With speed and new invention
And things like fourth dimension.

Yet we get a trifle weary
With Mr. Einstein's theory.
So we must get down to earth at times
Relax relieve the tension

And no matter what the progress
Or what may yet be proved
The simple facts of life are such
They cannot be removed.]

You must remember this
A kiss is just a kiss, a sigh is just a sigh.
The fundamental things apply
As time goes by.

And when two lovers woo
They still say, "I love you."
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by.

Moonlight and love songs
Never out of date.
Hearts full of passion
Jealousy and hate.
Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny.

It's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die.
The world will always welcome lovers
As time goes by.

Oh yes, the world will always welcome lovers
As time goes by.


Herman Hupfeld


domingo, outubro 04, 2009

Folhas de Outono...

Seguramente que não haverá melhor música para se ouvir no minguar dos dias.
O dia de hoje está a mostrar-se muito interessante, muito Outonal diria; nada como ouvir Miles Davis.
Talvez há um ano a charneira tenha ficado marcada por desenhos, por um momento que me fez olhar numa boa direcção, começou a meio de Outubro e possivelmente ainda não parou. Há pessoas que têm gavetas, muitas gavetas de sonhos e projectos, cheias até ao tecto, muitas delas já escondidas por pó ou novos desejos, mas não são projectos. Não as estranho, nem as desmoralizo, sempre dei força, força essa que morreu na insatisfação, trazida não sei de onde ou por quem, sonhar pode ser complicado quando novos sonhos nos atrapalham, sonhos melhores ou piores, mas sendo novos deviam esperar, penso.
Poderão as pessoas viver só de sonhos atrás de sonhos, coisas incumpridas porque a novidade não descansa?

Tempo é a resposta.