domingo, junho 05, 2005

Silêncio do não...

Desci a escada lentamente, os meus pés trémulos desviavam os degraus amassados, um após o outro, à procura do caminho saturado a beira de tombar.Agarrado em medo ao corrimão de madeira envelhecida olhei adiante, cerrei os olhos e vi por entre o escuro a mais bela das sombras. O som deixara de ser o da madeira a ranger para ser o meu, o meu pulsar cada vez mais intenso. A minha voz imensa nao sai. A medo, senti que era ali, aquele o momento do contacto estranho, aquele que sonhei vezes sem conta sem contar, a ninguem.Apertei o meu apoio que me sustentou da queda, apertei.me e na sala, imóvel, tu tocaste-me. Eu senti. Movi o meu bra;o retribuído em direcção ao teu a pensar que o receberias. Mas não, tu não quiseste. Estavas longe. Nem te desviaste. Não precisaste. Devolvido na minha agora certeza fizeste mais uma vez o mesmo; deixaste-me a pensar suspenso com o sentir do calor da tua mão que atravessava a sala e que eu li. Sim, percebi que era mais uma noite de não. Percebi que afinal tu apareces-me sempre, ali, exactamente ali naquele metro de assoalhada.O teu cabelo escuro de contraste com a tua nivea pele cor de neve sempre tu. Não aquela que vi hoje a passar em frente dos restauradores e ainda a outra que me olhou e eu sorri de volta, não.Não sei enganar-te não sei enganar-me não estou a conseguir deixar-te, deixar de pensar que só tu existes.em presen;as tolas no meu dormir, no meu acordar quando vejo sim essa e a outra.Não te esque;o lembro lembro-te a elas e as outras que tu existes como és como são os teus olhos franceses esses que adoro e são teus pequenos e afastados;a essas, elas, resta apenas desvendar o meu sorriso silencio falador onde te conto imagino e invento. Porque a minha sala sempre te receberá, mesmo nos dias cinzentos e chuvosos aqueles de outono que adoro, mesmo que não queiras ou não estejas, estarás lá, livre e fria como tu.E eu, como sempre, descerei as escadas para te receber.

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