Talvez fosse demasiado cedo quando ele chegou, apavorado. Talvez a mãe o esperasse, apenas mais tarde. Era quase de noite.
A escuridão começava a encher apenas os cantos da sala. Anoitecia devagar. Quando a mãe ouviu o estrondo dos passos dele nos degraus de madeira, teve a calma suficiente para pousar a malha sobre o colo e fixar o olhar na porta.
Num instante, a imagem do rosto dele.
A mãe conhecia-lhe todas as idades e acreditava que ao longo dos anos, tinha conhecido todas as expressões possíveis do seu rosto.Enganava-se.
Quando ele entrou, à medida que a respiração lhe diminuía o ritmo no peito, o seu rosto permanceu com uma forma que nunca tinha tido até aí e que nunca mais voltaria a ver.
Os seus olhos directos e constantes, eram um lugar profundo, onde se tinha medo de entrar.
A pele do rosto estranhamente branca, era como a última desistência dos mortos.
os seus lábios, ocmprimidos nas palavras que não eram capaz de dizer, eram uma linha.
Em silêncio, esperava respostas. Os movimenos da mãe foram mais lentos porque paravam nas sombras que , depois de casa instante, cresciam e, tão devagar, a envolviam.
ao levantar-se, pousou a malha sobre a cadeira onde antes estava sentada, deus dois passos na direcção dele, parou-se, esperou um instante e, olhando-o sempre, disse: "nunca desejei nada disto, mas o mundo é surdo aos nossos desejos: o munod encontra estranhas formas de se vingar daqueles que foram fracos durante um momento: o único momento é suficiente para se construir as condenações inteiras de uma vida."
A noite, plena, atravessava as cortinas , instalava-se sobreos móveis e dentro dos seus corpos parados frente a frente, quando ele lhe conseguiu dizer: #«" porque é que nunca foi capaz de me contar?"
josé luis peixoto
domingo, fevereiro 12, 2006
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