sábado, julho 15, 2006

Um elogio ao cinema

Passar um blade-runner de 1982 sem legendas já usado, gasto -ainda que sobre um pré- aviso das condições da cópia - indicando rasgões de um visionamento desgastante, ao filme que não é trazido na versão aclamadada e mais que setenciada às obras primas do cinema, mas sim da teimosia de um realizador , poderia ser um perigo!Mas não...
Esta versão é menos esclarecedora, as cadeiras que nos acomodavam faziam-no pessimamente para além de haver uma certa ligeireza por parte de quem estava a controlar o acesso à esplanada. Sim. O filme foi reproduzido numa esplanada para 160 pessoas sentadas e umas tantas de pé com o charme do velho cinema misturado com as honras do progresso. O começo e a tela a surgir por dentro de um cenário exterior quase irreal ou sobrenatural. Algumas contrariedades que não afectaram a beleza estranha do filme e muito menos aquela reunião intensa por entre amigos, esforçados apreciadores de cinema, cinéfilos e outros nem tanto...
Nem mesmo a versão encurtada conseguiu demover as sigulares memórias que cada um dos presentes certamente sentiu. Claro que nem todos terão visto o filme aquando da sua passagem pelo cinema- eu próprio tinha 2 anos- outros mesmo não o viram sequer; e a esses resta-me dizer que viram parte da película, e que bobine certa devia estar emprestada ou perdida por entre preciosidades do cinema.
A isto tudo sobrepõe-se a imensa qualidade do filme original carinhosamente intitulado por Manuel Cintra Ferreira na folha de apresentação do filme -que consegui roubar na entrada- como Producer´s Cut. Uma leve mordidela à capacidade de Ridley Scott.
A cinemateca está de parabéns. Pena que este tenha sido um bónus por entre filmes de Hitchcock...sem desprimor para o mesmo, óbvio.
Eu voltei a entrar no filme, naquela tela assente em duas torres elevatórias que saía por dentro do jardim; não me recordo do personagem que vivi mas recordo uma noite de Verão sumptuosa, muito bem passada, numa esplanada com um karma imenso.
Intenso.
www.cinemateca.pt

1 comentário:

Mary Mary disse...

Nunca tinha visto o filme mas vê-lo assim foi de facto uma experiência extraordinária. Tenho que ver o original mas aquela noite numa esplanada com a tela a crescer ninguém me tira... :D