Os ruídos que há pouco perpassavam os seus ouvidos misturam-se agora num doce e saudoso silêncio. A sala está vazia e promete continuar, não fora aquela uma reposição mal engendrada pelo promotor que teimava em flop´s sucessivos de quarta-feira à tarde! Porém este é um dia de mágoa e pensar no filme é tudo o que P. menos desejava...
Sentido o pequeno tremor fincou os olhos para dentro da história de si mesmo e filmou. A máquina que levava era Checoslovaca, comprada em Brno nos anos 50, e produzia um matraquear estranho ao funcionar- o som do cinema afasta-se- o local estava pouco desenhado e nada o levava a crer que tinha um nome próprio, era suave e familiar, mas só isso; não era o bastante para se deixar ficar.
P. percorreu a lente e o espaço, e às tantas deixou-se levar pela certeza que o espaço premeável que passeava era apaziguador e por isso muito intrigante. Nada nem sítio algum poria P. naquele estado de levitação, de ansiedade e sonho. A pulsação resistiu umas poucas vezes mais e nesse instante a mão e o nome que encerravam a resposta pareciam mais óbvias na trepidação da mão esquerda. Tocou-o ao ter ido ver um filme odioso e nada memorável. Não lhe pediu mas estava efectivamente lá. No fim levantaram-se e encaminharam-se para sítios diferentes, levaram vidas contrárias e as cidades já têm outros nomes. A cúmplice sala que permanecia foi hoje demolida.
terça-feira, janeiro 30, 2007
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1 comentário:
Fez-me lembrar o filme do cinema Paradiso... :D
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