sexta-feira, junho 29, 2007
Um poema no rasto de um eléctrico
Hoje convido-te para jantar.
É um Local despretencioso, sem aqueles volteios desnecessários e mal-amados que apenas nos toldam a vista, despurificam interesses comuns, atiram-nos para o vulgar; o indesejado.
É um lugar simples, por onde as pessoas amarram as emoções e desembarcam as monotonias, é um lugar de prazer incontido revelado no detalhe, nas cantarias, nas cantorias...
É um sítio limpo por onde todos cantamos calados quando ouvimos-te Fado.
Nos cantos e nas travessas por onde até carris passam soltos pela saudade dos que ainda são velhos e desenham as ruas num serpentear improvisado, são viagens que nunca são iguais, são lentas viagens que encetam por um caminho descobridor como os nosso velhos, como os nosso velhos M. Os lugares e os sítios revelam-se portentosos e cheios de potencialidades revelados por esses, sim, esses que são mais velhos, que carregam peles usadas nos seus corpos já oferecidos ao nosso país, às nossas angústias, mas que não cedem e continuam a percorrer as velhas ruelas e escadinhas que nos levam ao rio, por entre simpatia, sinceridade e boa vontade.
Hoje gostava de percorrer contigo esses lados tesouros que se fecham por dentro da nossa cidade, gostava de poder saltar por entre o bairro e ver contigo este antigo mundo de pátios, largos e caminhos estreitos que parece esquecido e despistado de uma memória Olissiponense.
Vens comigo hoje?
É um Local despretencioso, sem aqueles volteios desnecessários e mal-amados que apenas nos toldam a vista, despurificam interesses comuns, atiram-nos para o vulgar; o indesejado.
É um lugar simples, por onde as pessoas amarram as emoções e desembarcam as monotonias, é um lugar de prazer incontido revelado no detalhe, nas cantarias, nas cantorias...
É um sítio limpo por onde todos cantamos calados quando ouvimos-te Fado.
Nos cantos e nas travessas por onde até carris passam soltos pela saudade dos que ainda são velhos e desenham as ruas num serpentear improvisado, são viagens que nunca são iguais, são lentas viagens que encetam por um caminho descobridor como os nosso velhos, como os nosso velhos M. Os lugares e os sítios revelam-se portentosos e cheios de potencialidades revelados por esses, sim, esses que são mais velhos, que carregam peles usadas nos seus corpos já oferecidos ao nosso país, às nossas angústias, mas que não cedem e continuam a percorrer as velhas ruelas e escadinhas que nos levam ao rio, por entre simpatia, sinceridade e boa vontade.
Hoje gostava de percorrer contigo esses lados tesouros que se fecham por dentro da nossa cidade, gostava de poder saltar por entre o bairro e ver contigo este antigo mundo de pátios, largos e caminhos estreitos que parece esquecido e despistado de uma memória Olissiponense.
Vens comigo hoje?
quarta-feira, junho 27, 2007
Tisanas
"As Tisanas são uma meditação poética sobre a escrita como pintura e filtro da vida. No seu conjunto formam uma espécie de cidade-estado construída pela escrita criadora, que é a abolição oblíqua, delírio provocado e lição de tentativa. O mundo das Tisanas é um mapa emotivo de uma conjuntura cultural em que os agentes do sentido têm por árbitro o espírito. "
Esta é uma leve explicação do universo das Tisanas que encontrei num livro de Ana Hatherly, um género de posfácio, e as suas possibilidades. São curtas, são elementos, recortes de pensamentos que vagueiam por qualquer cabeça, mas que não são ditos. Aqui eles parecem ser adivinhados, e , do aparentemente banal, surge um desencadeamento de histórias que se interligam ciclicamente numa base, diria eu, a quatro tempos:
tentativa|erro|repetição|êxito .
boas descobertas
Esta é uma leve explicação do universo das Tisanas que encontrei num livro de Ana Hatherly, um género de posfácio, e as suas possibilidades. São curtas, são elementos, recortes de pensamentos que vagueiam por qualquer cabeça, mas que não são ditos. Aqui eles parecem ser adivinhados, e , do aparentemente banal, surge um desencadeamento de histórias que se interligam ciclicamente numa base, diria eu, a quatro tempos:
tentativa|erro|repetição|êxito .
boas descobertas
Morreste-me
(...) O silêncio fluvial, a vida cruel por ser vida. Como no hospital. Dizia nunca esquecerei, e hoje lembro-me. Rostos tornados desconhecidos, desfigurados na minha certeza de perder-te, no meu desespero desespero. Como no hospital. Não acredito que possas ter esquecido. Enquanto esperava pela minha mãe e pela minha irmã, as pessoa passavam por mim como se a dor que me enchia não fosse oceânica e não se abarcasse também. As mulheres falavam, os homens fumavam cigarros. Como eu, esperavam; não a morte, que nós, seres incautos, fechamos-lhe sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela não nos verá. Esperavam. (...)
José Luís Peixoto, Morreste-me , ed. Temas e Debates
José Luís Peixoto, Morreste-me , ed. Temas e Debates
quinta-feira, junho 21, 2007
Dentuças?
O melhor sorriso do mundo é possível quando se diz algo tão simples como: dentuças?
Que bom...
Esta é só para quem sabe...
um beijinho Matilde do tio João
Que bom...
Esta é só para quem sabe...
um beijinho Matilde do tio João
quarta-feira, junho 20, 2007
Aqui faz falta a Vela-ao-vento
sim, a rapariga que faz muita falta é chamada à recepção aqui do blog, desta coisa, enfim...
Sugestões para mudar?
Será que tenho q escrever Sexo para as pessoas me visitarem? Sexo, alguém disse Sexo? ok, 3 vezes Sexo no google já deve dar rresultados positivos! 3 não, 4!!
é bom para com a parvoíce, ja não são horas para isso!
Sugestões para mudar?
Será que tenho q escrever Sexo para as pessoas me visitarem? Sexo, alguém disse Sexo? ok, 3 vezes Sexo no google já deve dar rresultados positivos! 3 não, 4!!
é bom para com a parvoíce, ja não são horas para isso!
Há algum tempo escrevi: Fim!
eis a resposta animadora de alguém muito especial...(quem mais)
Fim? Mas porquê fim? Sabes que isso é uma palavra muito forte que devia ser banida do final dos filmes... :P
olha lá... e que tal voltares a ser divertida aqui no blog? acho q vou ter que anunciar o fim de mais coisas! eheheh
Apartir de hj mais niguém comenta o meu blog!! ( ui, deve fazer cá uma mossa...) hihi
Fim? Mas porquê fim? Sabes que isso é uma palavra muito forte que devia ser banida do final dos filmes... :P
olha lá... e que tal voltares a ser divertida aqui no blog? acho q vou ter que anunciar o fim de mais coisas! eheheh
Apartir de hj mais niguém comenta o meu blog!! ( ui, deve fazer cá uma mossa...) hihi
sexta-feira, junho 15, 2007
M.
No outeiro do teu corpo desfizeste as danças da tristeza, lembraste-te das novas hipóteses e de nós, como já fomos, pensaste em ti. Só algumas linhas perduram como marca da angústia que se empoleiram nas tuas costas. São as tuas costas vincadas e o peso que sobre elas carregas.
São as ausências, os longos suspiros, os sorrisos perdidos, os interregnos. Mas depois ressurges com uma força acutilante, regeneradora, uma força da natureza como costumo dizer.Tomaste o teu chá na Neuf-Brasserie caffé diante do antigo teatro parisiense e prosseguiste a tua vida por mais um dia. Por mais um dia senti também esse momento intenso que prolongas pelas semanas e que me escapas sem nada dizeres. Apagar, isolar todos os sons matinais e recorrer à memória para lembrar a tua voz, as tuas dúvidas, os teus sucessos, tornam-me frenético, precipitado, ansioso. As esperas nestas manhãs são gloriososas, mas não posso arriscar tanto. Amanhã já sei que não vens, eu não estarei lá de novo.
São as ausências, os longos suspiros, os sorrisos perdidos, os interregnos. Mas depois ressurges com uma força acutilante, regeneradora, uma força da natureza como costumo dizer.Tomaste o teu chá na Neuf-Brasserie caffé diante do antigo teatro parisiense e prosseguiste a tua vida por mais um dia. Por mais um dia senti também esse momento intenso que prolongas pelas semanas e que me escapas sem nada dizeres. Apagar, isolar todos os sons matinais e recorrer à memória para lembrar a tua voz, as tuas dúvidas, os teus sucessos, tornam-me frenético, precipitado, ansioso. As esperas nestas manhãs são gloriososas, mas não posso arriscar tanto. Amanhã já sei que não vens, eu não estarei lá de novo.
domingo, junho 10, 2007
Ideal bloguista, ideal não bloguista
Confesso, sou um género de Anti-social da Internet o que é uma coisa só por si muito estranha.
Reparem:
1-Mantenho o blog há 2 anos e uns trocos com posts bastante vagos.
2-Mantive ligado um sitemeter com o qual me zanguei e desde então, Puft, desapareceu.
3-Não faço publicidade nem promovo eventos.
4-Não insisto em Links.
5-Faço comentários Localizados e os meus coments são peças raras.
6-Não tenciono alterar nenhum dos pontos anteriores, sou incorrigível!
7-Não faço promoção do blog junto dos amigos.
8-Os blogs que leio são invariavelmente os mesmos e contam-se pelos dedos de uma mão.
9-Etc...
Enfim, pareço um misantropo inveterado mas, na realidade, continuo a conhecer pessoas interessantes e muitos provenientes de outros blogs, que por sua vez conhecem outros tantos.
Onde é que eu me posiciono?
Vou pedir um FAQ ao deus da internet...
Reparem:
1-Mantenho o blog há 2 anos e uns trocos com posts bastante vagos.
2-Mantive ligado um sitemeter com o qual me zanguei e desde então, Puft, desapareceu.
3-Não faço publicidade nem promovo eventos.
4-Não insisto em Links.
5-Faço comentários Localizados e os meus coments são peças raras.
6-Não tenciono alterar nenhum dos pontos anteriores, sou incorrigível!
7-Não faço promoção do blog junto dos amigos.
8-Os blogs que leio são invariavelmente os mesmos e contam-se pelos dedos de uma mão.
9-Etc...
Enfim, pareço um misantropo inveterado mas, na realidade, continuo a conhecer pessoas interessantes e muitos provenientes de outros blogs, que por sua vez conhecem outros tantos.
Onde é que eu me posiciono?
Vou pedir um FAQ ao deus da internet...
sábado, junho 09, 2007
Ticket to ride passion
Deste-me uma viagem e sem querer ou com todo o querer meteste-me no meio de um sonho só agora tornado possível. Adorei, e para o ano ele prometeu mais... Numa próxima irás comigo. :)
O de Dave Mathews foi um concerto muito mas mesmo muito bom, mas este é em cheio se tivermos em linha de conta os primórdios da minha adolescência!
Dave Mathews Band é uma paixão recente...relativamente recente.
Ambientes, sons, músicos totalmente distintos,
Foi genial. Foi quase perfeito como te disse...
Sim, foi um concerto fantástico, o mr eddie vedder tem realmente uma voz muito distinta e uma presença eu diria única. Não tenho bitola de comparação, além dos cd´s ao vivo que comprei, e alguns que partilharam comigo pela net... Mas foi brutal. Inesquecível. O tipo sai-se com uma fenomenal. Eles vão a sair para o primeiro encore e diz: bem, vamos embora, temos que estar em madrid amanhã...e o pessoal: UUUUUUUUUU. Ele riu-se e disse em Português: um amigo disse-me para dizer uma coisa: F***-SE MADRID.
:) e continuou na maior. Também momento fantástico e homosexual entre uma máscara do G.W.Bush e o Satã. E depois o ambiente foi iincansável, gritei até não mais poder, as músicas que sabia e as outras que trauteava (poucas, tipo 2 ou 3), e foi muito bom. Acredito que eles também gostaram bastante,
O de Dave Mathews foi um concerto muito mas mesmo muito bom, mas este é em cheio se tivermos em linha de conta os primórdios da minha adolescência!
Dave Mathews Band é uma paixão recente...relativamente recente.
Ambientes, sons, músicos totalmente distintos,
Foi genial. Foi quase perfeito como te disse...
Sim, foi um concerto fantástico, o mr eddie vedder tem realmente uma voz muito distinta e uma presença eu diria única. Não tenho bitola de comparação, além dos cd´s ao vivo que comprei, e alguns que partilharam comigo pela net... Mas foi brutal. Inesquecível. O tipo sai-se com uma fenomenal. Eles vão a sair para o primeiro encore e diz: bem, vamos embora, temos que estar em madrid amanhã...e o pessoal: UUUUUUUUUU. Ele riu-se e disse em Português: um amigo disse-me para dizer uma coisa: F***-SE MADRID.
:) e continuou na maior. Também momento fantástico e homosexual entre uma máscara do G.W.Bush e o Satã. E depois o ambiente foi iincansável, gritei até não mais poder, as músicas que sabia e as outras que trauteava (poucas, tipo 2 ou 3), e foi muito bom. Acredito que eles também gostaram bastante,
quinta-feira, junho 07, 2007
UM
um ano.
uma amizade.
uma paixão
um sentimento
uma surpresa
uma energia
uma saudade
uma cumplicidade
dois Blogs
duas vidas
dois corpos
duas almas
duas escritas
vários olhares
vários sorrisos
vários momentos...
várias partilhas
vários irmãos
muitos sonhos
muita sinceridade
muitas vontades
muita paz
muitos tios
muita família
fotos
filmes
músicas
concertos
descobertas
tons
crianças
cores
histórias
contos
desenhos
lápis
canetas-de-feltro
brincadeiras
jogos
castelos de areia
jantares
shushi
teatrinhos
praia
Bandas sonoras
silêncios
barulhos
risadas
disparate
...(a adicionar)
uma amizade.
uma paixão
um sentimento
uma surpresa
uma energia
uma saudade
uma cumplicidade
dois Blogs
duas vidas
dois corpos
duas almas
duas escritas
vários olhares
vários sorrisos
vários momentos...
várias partilhas
vários irmãos
muitos sonhos
muita sinceridade
muitas vontades
muita paz
muitos tios
muita família
fotos
filmes
músicas
concertos
descobertas
tons
crianças
cores
histórias
contos
desenhos
lápis
canetas-de-feltro
brincadeiras
jogos
castelos de areia
jantares
shushi
teatrinhos
praia
Bandas sonoras
silêncios
barulhos
risadas
disparate
...(a adicionar)
quarta-feira, junho 06, 2007
Sons antigos
Abri hoje a minha antiga caixa de música ao fim de 14 anos de espera.
Foi uma espera que não escolhi, aconteceu encontrá-la perdida num lugar que não deixei na tua casa antiga mãe.
Apenas a sujidade e a minha surpresa denunciam o tempo. O som está exactamente igual, tal como nas recordações que guardo no meu baú. É uma caixa de música, o som permanece inalterado. Recordo o movimento circular exacto da minha mão e o tempo da música ao fazê-lo novamente passados anos.
É tremendo saber que os sons estão lá encerrados e por um momento leva-me a sítios antigos e reservados. Lembro-te que não me esqueci de ti meu som de caixa de música...
Se a memória fosse uma coisa exacta, permanente e perfeita que sabor teria este dia?
Foi uma espera que não escolhi, aconteceu encontrá-la perdida num lugar que não deixei na tua casa antiga mãe.
Apenas a sujidade e a minha surpresa denunciam o tempo. O som está exactamente igual, tal como nas recordações que guardo no meu baú. É uma caixa de música, o som permanece inalterado. Recordo o movimento circular exacto da minha mão e o tempo da música ao fazê-lo novamente passados anos.
É tremendo saber que os sons estão lá encerrados e por um momento leva-me a sítios antigos e reservados. Lembro-te que não me esqueci de ti meu som de caixa de música...
Se a memória fosse uma coisa exacta, permanente e perfeita que sabor teria este dia?
Oscilar por dentro
-As vidas que presenciaste debruçavam-se em todos os instantes e julgo que não fizeste nada por elas pois não? Dos cinco quantos te restam?
-Sabes, por vezes o desgaste acaba por nos quebrar, partir em dois, é difícil ficar para ver a transição dos tempos, ver as vidas a passar a todo o momento e não sabermos qual o pensamento que as percorre, qual a vontade que as incita...a nada. Por vezes pareço entender que os passos que se atrevem diante de mim andam tontos e vagos, aflige-me a inércia, noto que deixámos de lutar. Andamos parados enquanto que os outros correm com os nossos que podem correr, e sabem-no tão bem, mas que fugiram quando todos nada fizeram para os agarrar. As vidas que se debruçavam estavam angustiadas e perdidas, ai estes jovens dobrados pela incerteza...Tens razão não fiz nada. Fiz o que todos fizeram, e agora só sei dele por carta.
Dos cinco resta-me a paz que atormenta cada parcela da casa, os poros são as frestas e por elas saem as saudades que me ocupam as noites e os choros que se calam sozinhos. Começo e acabo esta viagem retrospectiva acompanhado por um ranger estridente de portas abertas e um copo de vinho que se mantém incólume todos os dias até ao fim. Os pretos da casa do lado choram a morte do seu que por cá ficou, com Angola agora tão perto, oiço capim a ser cortado, a galinha a fugir pelo pátio decepada, e o som de esmagamento do almofariz antigo quando almoço ou cozinho . As pretas cada vez vêm menos cá a casa e sei que um dia os seus sorrisos se transformarão. Os clarões que desenhavam os céus antigos são hoje reflexos nos vidros de prédios que nos escondem ou destapam como experiências federais.
Acho que não fiz nada por ninguém tal como o copo se mantém todos os dias cheio e com vinho.
Saber fazer truques de magia sem que ninguém note é uma virtude.
Desta vez fiquei feliz com a vida que escolhi. Curioso- ninguém reparou...
p.s.: Lembro-me vagamente que sonhar era bom, mas estas novas estruturas socias e empregadoras não pagam isso.
-Sabes, por vezes o desgaste acaba por nos quebrar, partir em dois, é difícil ficar para ver a transição dos tempos, ver as vidas a passar a todo o momento e não sabermos qual o pensamento que as percorre, qual a vontade que as incita...a nada. Por vezes pareço entender que os passos que se atrevem diante de mim andam tontos e vagos, aflige-me a inércia, noto que deixámos de lutar. Andamos parados enquanto que os outros correm com os nossos que podem correr, e sabem-no tão bem, mas que fugiram quando todos nada fizeram para os agarrar. As vidas que se debruçavam estavam angustiadas e perdidas, ai estes jovens dobrados pela incerteza...Tens razão não fiz nada. Fiz o que todos fizeram, e agora só sei dele por carta.
Dos cinco resta-me a paz que atormenta cada parcela da casa, os poros são as frestas e por elas saem as saudades que me ocupam as noites e os choros que se calam sozinhos. Começo e acabo esta viagem retrospectiva acompanhado por um ranger estridente de portas abertas e um copo de vinho que se mantém incólume todos os dias até ao fim. Os pretos da casa do lado choram a morte do seu que por cá ficou, com Angola agora tão perto, oiço capim a ser cortado, a galinha a fugir pelo pátio decepada, e o som de esmagamento do almofariz antigo quando almoço ou cozinho . As pretas cada vez vêm menos cá a casa e sei que um dia os seus sorrisos se transformarão. Os clarões que desenhavam os céus antigos são hoje reflexos nos vidros de prédios que nos escondem ou destapam como experiências federais.
Acho que não fiz nada por ninguém tal como o copo se mantém todos os dias cheio e com vinho.
Saber fazer truques de magia sem que ninguém note é uma virtude.
Desta vez fiquei feliz com a vida que escolhi. Curioso- ninguém reparou...
p.s.: Lembro-me vagamente que sonhar era bom, mas estas novas estruturas socias e empregadoras não pagam isso.
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