sábado, abril 28, 2007

A terceira ponte

Domingo. Lisboa acordava festiva. As embarcações navegavam, Tejo acima, engalanadas, solenes.
Na nova ponte, com a Expo´98 a seus pés, ondulavam ao vento bandeiras coloridas, cabelos desgrenhados, discursos pomposos. Comia-se caviar.
Djamba, operário indiferenciado, a prazo, comia na velha barraca do Bairro 6 de Maio, moamba feita por Maria Ngola, negra meã, de ventre prenhe e de filho às costas.
De olhar na TV, percorria a ponte e recordava s pilares do seu suor, os tirantes da sua força, o alcatrão da sua cor. triste, sorria, amnhã começava nova ponte. Da incerteza. Do regresso:
Angola.

júlio mira Expo em 98 palavras, in Diário de Notícias, 1998

segunda-feira, abril 23, 2007

sms número um

Passámos ontem as Eclusas do Panamá. As comportas funcionaram na perfeição e entendo que chegaremos mais depressa que o previsto. Esta carapaça de Aço ainda consegue surpreender-me, sinto que faço sempre por melhorar,trabalhamos para isso, para quebrar horas, há quem faça apenas por chegar.
Hoje estarei aí mais cedo, combina comigo, hoje não falharei!

sexta-feira, abril 20, 2007

Cinzento

Dos nervos nasceu a vontade de perseguir a minha visão. Deixaste-te ficar mais uma vez para trás mas hoje não vou seguir-te e parar. As réguas são de madeira e limitam-me como gado, apressei-me em fazer-te um pouco mais feliz, um pouco mais, ligeiramente menos do que jamais alcançarás e depois o fim. Quase acreditei que essa casa era a minha, o chão era emprestado e os meus pés surgiam lentos e agastados.
Era um chão lento e perigoso, foi nele que tropeçei mas não me deixei ficar. Foi aí que nos separámos.

Cheguei a Berlim esta manhã. Adeus.

segunda-feira, abril 09, 2007