domingo, janeiro 27, 2008

Deixei de filmar


Trouxe tudo, desta vez não esqueci de nada. Ao sair de casa, do meu apartamento, para ir ter contigo, ao teu; pensei que era bom deixar trajectos, caminhos pré-definidos.Pus a minha pequena mala preta no porta-bagagens. trouxe comigo os meus cd´s preferidos, trouxe comigo os grandes músicos.Alguns dos que me ensinaste a ouvir. Sozinho, no carro, acendi as luzes do jeep para seguir a estrada.
Segui-me por dentro, pensei no nosso percurso, lembrei as vezes que nos desejámos. Hoje senti que podias não ter sido tu neste mapa sobrelotado de mulheres.
Mas mulher, tu foste escolhida com um simples e único olhar. Uma transparência revisitada em segundos .Quando te vi já sabia quem eras. Adivinhei o teu nome , e ninguém me disse nada. Não precisava. punhas-me trémulo, não soube encontrar remédio, um disfarce ou outra coisa similar. não dava. Ao meu corpo sobrepunham-se vibrações que surgiam de dentro.
Por dentro queimaste-me, ateaste um fogo intumescente.
Vivi inconsciente.
viajámos num curto espaço, distanciámo-nos de tempos em tempos.
Atenuámos com amor
Hoje não saí de casa.
as luzes do meu carro apagaram-se.
Hoje soube dizer não.
hoje rasguei os meus filmes super 8
Hoje tu casaste.


Sábado, Outubro 01, 2005

2 comentários:

Shhh disse...

Isso não é um filme. É uma tragédia! Mas é a tal coisa, o "deixa andar" (à moda do bom portuga)que tudo se vai resolver, nem sempre traz bons resultados.

margarida disse...

Fiquei agarrada a esta tela, pela verdade e, talvez, alguma identidade. Espero que não acabem os filmes, perde-se um bom cineasta.