já cá ando novamente...
ahah
...e viva a selecção portuguesa de futebol (não confundir com: viva Portugal!)
quarta-feira, junho 28, 2006
domingo, junho 04, 2006
Maceo Parker?
Mais uma noite de Funk/jazz com os Funk Djam sempre muito stinky e muito...Funky.
Now... get to work and get the funk outa´here (out of here)!!
"Funk you,
and Funk you all...(like they said)"
p.s.: Shake everything you´ve got.
Now... get to work and get the funk outa´here (out of here)!!
"Funk you,
and Funk you all...(like they said)"
p.s.: Shake everything you´ve got.
segunda-feira, maio 29, 2006
Passado contado
Resolvidos os passados peçonhentos, demito-me na retenção de memórias. Hoje dobrei o lençol da minha cama como nunca o tinha feito. Fi-lo ainda assim como alguma estranheza, a falta desse hábito era mais que evidente; levantei-me distintamente e ao debruçar-me percebi que tinhas ficado. Fitavas-me com olhares perigosos enquanto o debrum do lençol desenhava o teu corpo incansável. Permaneceste porque só eu achei que não tinhas lugar naquela casa arrendada, meio perdida por entre paredes sub-urbanas. Era um casco cheio de falhas amparadas pela vontade do pouco dinheiro que abundava na minha carteira. Senti-lhe o fundo. Lembrei-me que já nem carteira tenho visto que a penhorei naquela ruela por detrás do antigo bairro onde morei. Ela percebe que eu temo que um dia vá embora, como todas as outras fizeram, porque eu sempre quis. Eu temo que ela um dia não apareça; medo de um dia querer. Quero antecipar-lhe a decisão. Talvez não me marterize tanto, penso eu. O facto é que a encontro nas esquinas, nas dobras da casa, encruzilhadas, pelas fotografias preto e branco , pelo seu odor a cores, sem perfume, na roupa espalhada pelo chão que se solta em tábuas. Percorres as poucas divisões; entalada por corredores exíguos e tortuosos. A casa és tu.
Hoje coleccionei mais uma aproximação do que és para mim. Dás-me coragem; no entanto, distancio-me. Detive-me diante do café central e ousei entrar, sentar-me e sonhar uma vida.
Hoje até comprei o jornal do dia, pedi o melhor pão e o café afinal era tão ou mais delicioso do que era falado por aí. Olhar aquele grão bruto e castanho que enfeitava a frente da prateleira superior era um luxo. "Cafés do mundo", dizia. O central era uma sala esplendorosa no centro da cidade onde poucos entravam, nem percebi que era olhado de lado e com desprezo, apenas entrei. Não cheguei a diferenciar-me. Ninguém naquele dia poria-me fora dali. Eu podia ser pobre, podia até estar longe da aparência necessária mas, ali, eu fui sublime. Por momentos quis acreditar que era um frequentador assíduo, não só não o era, como seria o último em que entrava assim com tanta destreza.
Isto porque quero ver-me livre das memórias que me angustiam, estes carimbos de vida que me percorrem a visão por dentro e que eu não preciso. A devassidão que impregna a minha vida prometia acabar. O meu corpo desistirá à próxima tentativa de libertinagem. A dor física sobrepõe-se à outra, sem pena. Não posso submeter-me a tal vexame. Ela que dirá?
Diluído a um rabisco de exemplo, por não ter dado a mínima luta a esta sociedade destrutiva, resolvi deixá-las sob
um vermelho intenso e distorcido da estação de combóios a oriente, na fila dos não lembrados. Parto sem bela nem casco. Vou, mais uma vez, por dentro de memórias vastas.
E eu a tentar rasurá-las por fora.
Hoje coleccionei mais uma aproximação do que és para mim. Dás-me coragem; no entanto, distancio-me. Detive-me diante do café central e ousei entrar, sentar-me e sonhar uma vida.
Hoje até comprei o jornal do dia, pedi o melhor pão e o café afinal era tão ou mais delicioso do que era falado por aí. Olhar aquele grão bruto e castanho que enfeitava a frente da prateleira superior era um luxo. "Cafés do mundo", dizia. O central era uma sala esplendorosa no centro da cidade onde poucos entravam, nem percebi que era olhado de lado e com desprezo, apenas entrei. Não cheguei a diferenciar-me. Ninguém naquele dia poria-me fora dali. Eu podia ser pobre, podia até estar longe da aparência necessária mas, ali, eu fui sublime. Por momentos quis acreditar que era um frequentador assíduo, não só não o era, como seria o último em que entrava assim com tanta destreza.
Isto porque quero ver-me livre das memórias que me angustiam, estes carimbos de vida que me percorrem a visão por dentro e que eu não preciso. A devassidão que impregna a minha vida prometia acabar. O meu corpo desistirá à próxima tentativa de libertinagem. A dor física sobrepõe-se à outra, sem pena. Não posso submeter-me a tal vexame. Ela que dirá?
Diluído a um rabisco de exemplo, por não ter dado a mínima luta a esta sociedade destrutiva, resolvi deixá-las sob
um vermelho intenso e distorcido da estação de combóios a oriente, na fila dos não lembrados. Parto sem bela nem casco. Vou, mais uma vez, por dentro de memórias vastas.
E eu a tentar rasurá-las por fora.
Wer, wenn ich sch schriee
Quem, se eu gritar
me concede a profundeza inversa deste céu
que ao fim de tarde
eu vejo da minha janela
contemplando os anjos
que as nuvens imitam?
Alguém me ouve se eu gritar?
Oiço vozes
mas são vozes inventadas
porque é inútil perscrutar o silêncio
e por isso vos reinvento
a cada pancada do meu coração
a cada pancada surda
que não repercute
no ímpeto claro do vosso desenho fantástico
no alado lado da vossa impossibilidade.
Se eu gritar
alguém me ouve
em todas estas coisas?
Nenhum anjo
escuta o meu grito
que não penetra a noite
e só encontra eco de nenhum desejo
E lançando de meus braços o desejo
não invejo
admiro
a sufocante beleza deste ocaso
cheio de nuvens velocíssimas
e tudo o que eu sinto
é tão imenso
como este ocaso
dantesco
tiepolesco
wagneriano
que eu contemplo
doente do excessivo amor do que é belo
que me afoga
na sua imensidão aérea
E tão fortuitamente criado pelo vento
e pela terra que se inclina
este ocaso laranja sobre azul
esplêndido e kitsch
é tão impermanente
como vós
nuvens-anjos que me arrebatais
com vossos incêndios imensos e falsos
ilusão de óptica que me fascina e oprime
Encostada à minha janela
contemplo a vossa beleza
que a todo o instante
se faz e se desfaz
até o chiumbo da sombra avançar
e aos poucos surgir a noite
antiga e idêntica sempre
lançando-e em vossos braços
vazios
cheios só de vozes
inaudíveis
Ana hatherly, rilkeana 1999
me concede a profundeza inversa deste céu
que ao fim de tarde
eu vejo da minha janela
contemplando os anjos
que as nuvens imitam?
Alguém me ouve se eu gritar?
Oiço vozes
mas são vozes inventadas
porque é inútil perscrutar o silêncio
e por isso vos reinvento
a cada pancada do meu coração
a cada pancada surda
que não repercute
no ímpeto claro do vosso desenho fantástico
no alado lado da vossa impossibilidade.
Se eu gritar
alguém me ouve
em todas estas coisas?
Nenhum anjo
escuta o meu grito
que não penetra a noite
e só encontra eco de nenhum desejo
E lançando de meus braços o desejo
não invejo
admiro
a sufocante beleza deste ocaso
cheio de nuvens velocíssimas
e tudo o que eu sinto
é tão imenso
como este ocaso
dantesco
tiepolesco
wagneriano
que eu contemplo
doente do excessivo amor do que é belo
que me afoga
na sua imensidão aérea
E tão fortuitamente criado pelo vento
e pela terra que se inclina
este ocaso laranja sobre azul
esplêndido e kitsch
é tão impermanente
como vós
nuvens-anjos que me arrebatais
com vossos incêndios imensos e falsos
ilusão de óptica que me fascina e oprime
Encostada à minha janela
contemplo a vossa beleza
que a todo o instante
se faz e se desfaz
até o chiumbo da sombra avançar
e aos poucos surgir a noite
antiga e idêntica sempre
lançando-e em vossos braços
vazios
cheios só de vozes
inaudíveis
Ana hatherly, rilkeana 1999
domingo, maio 28, 2006
terça-feira, maio 23, 2006
segunda-feira, maio 22, 2006
segunda-feira, maio 15, 2006
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