segunda-feira, janeiro 28, 2008

Um Blog, uma viagem

Com o surgimento da curiosidade pelo transiberiano achei um blog ao acaso muito interessante com os relatos e peripécias dessa viagem de Moscovo a Pequim tão apetecível! Genial...

O projecto remonta a 2005...passo a transcrever:

"O Plano"

O projecto é ir de Moscovo até Pequim de comboio.
(os 7855km que separam estas cidades equivalem quatro vezes à distância entre Lisboa e Paris)
Sem planos que limitem decisões do dia-a-dia temos algumas certezas definidas:
- Chegada, de avião, a Moscovo dia 1 de Outubro, sábado.
- Regresso, de avião, a Lisboa dia 12 de Novembro, sábado.
- Seis semanas.
O trajecto tem vindo a compor-se e agora organiza-se desta forma:
I Etapa: dia 3 partimos para Irkutsk no Transiberiano, onde chegaremos quinta-feira ao fim do dia. Pensamos ficar por uma semana junto ao Lago Baikal.
II Etapa: tomar o Transmongoliano até à capital da Mongólia, Ulaan Baator. Prevemos duas a três semanas de viagens pela Mongólia.
III Etapa: já no sul da Mongólia voltamos ao Transmongoliano para chegar a Pequim.
Contamos ficar uma semana nesta cidade, alargando passeios à periferia a troços da muralha da China
IV Etapa (a definir durante a viagem), há duas hipóteses na mesa:
a) regresso directo, via avião, de Pequim para Moscovo (o percurso até chegar a Pequim seria feito nas seis semanas que temos para a viagem);
b) regresso indirecto, via comboio, de Pequim-Vladivostok ou de Pequim-Chita e depois Moscovo (guardando cerca de dez dias para efectuar um destes trajectos).
No final far-se-ão as contas a estes objectivos.


(...)

Um pouco mais tarde, ao fim de seis semanas...

Encarámos este blog como parte intrínseca da viagem. Com a mesma determinação com que decidimos fazer Moscovo-Pequim de comboio, quisemos também publicar um blog com algo para além de notícias e fotos nossas. Afinal, corríamos o risco de embarcar na mais aborrecida das temáticas: as fotos das férias!

A tarefa de conceber-discutir-publicar os posts tornou-se tão importante como a de ir à estação comprar um bilhete de comboio para o destino seguinte. Roçámos o comportamento obsessivo quando, por vezes em esforço, nos obrigávamos a ultrapassar as dificuldades inerentes a um blog “em directo”.

Viagem completada, algumas contas feitas e chegou o momento de pregar o ponto final deste blog.
Declaram-se assim encerrados os relatos “De Moscovo até Pequim” no
Até uma próxima!

http://foradomapa.blogspot.com.

domingo, janeiro 27, 2008

Projecto no Alentejo




Máquina de escrever

Máquina de escrever

quero uma a todo o custo.
das antigas, velhas e barulhentas!
CLic, clic , CLic, clic, CLIc, CLiC, ZÁS!

Terça-feira, Janeiro 31, 2006

Pois é, tanto pedi que finalmente recebi uma!

É uma máquina antiga portátil, faz barulho que se farta e prepara-se para receber histórias minhas. Nunca percebi o meu fascínio por este objecto; é simplesmente interessante, ponto.

Agora que o recebi só me resta escrever em fúria!



Deixei de filmar


Trouxe tudo, desta vez não esqueci de nada. Ao sair de casa, do meu apartamento, para ir ter contigo, ao teu; pensei que era bom deixar trajectos, caminhos pré-definidos.Pus a minha pequena mala preta no porta-bagagens. trouxe comigo os meus cd´s preferidos, trouxe comigo os grandes músicos.Alguns dos que me ensinaste a ouvir. Sozinho, no carro, acendi as luzes do jeep para seguir a estrada.
Segui-me por dentro, pensei no nosso percurso, lembrei as vezes que nos desejámos. Hoje senti que podias não ter sido tu neste mapa sobrelotado de mulheres.
Mas mulher, tu foste escolhida com um simples e único olhar. Uma transparência revisitada em segundos .Quando te vi já sabia quem eras. Adivinhei o teu nome , e ninguém me disse nada. Não precisava. punhas-me trémulo, não soube encontrar remédio, um disfarce ou outra coisa similar. não dava. Ao meu corpo sobrepunham-se vibrações que surgiam de dentro.
Por dentro queimaste-me, ateaste um fogo intumescente.
Vivi inconsciente.
viajámos num curto espaço, distanciámo-nos de tempos em tempos.
Atenuámos com amor
Hoje não saí de casa.
as luzes do meu carro apagaram-se.
Hoje soube dizer não.
hoje rasguei os meus filmes super 8
Hoje tu casaste.


Sábado, Outubro 01, 2005

quarta-feira, janeiro 16, 2008

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Suite Francesa...

Capítulo Oito

OS MICHAUD tinham-se levantado às cinco da manhã para terem tempo de pôr em ordem todo o apartamento antes de o deixarem. Era obviamente estranho mostrar tanto cuidado por objectos sem valor e condenados, segundo todas as probabilidades, a desaparecer logo que as primeiras bombas caíssem sobre Paris. Mas, pensava a Sra. Michaud, também se vestem e se arranjam os mortos destinados a apodrecer sob a terra. É uma última homenagem, uma prova suprema de amor por quilo que estimámos. Ora, eles tinham grande apreço por este pequeno apartamento. Há dezasseis anos que lá viviam. Não podiam levar todas as suas lembranças. Por muito que quisessem, as melhores teriam de ficar ali, entre aquelas pobres paredes. Arrumaram os livros sob uma estante, bem como aquelas pequenas fotografias de amadores que as pessoas prometem sempre colar um dia em álbuns e que continuavam engelhadas, desbotadas, entaladas na ranhura de uma gaveta. O retrato de Jean-Marie quando criança já fora posto no fundo da mala, por entre as pregas de um vestido de muda e o banco recomendara-lhes que levassem apenas o estritamente necessário: algumas peças de roupa e alguns artigos de toilette.
Por fim, tudo ficou pronto. Tinham tomado o pequeno-almoço. A Sra Michaud tapou a cama com um grande lençol para proteger do pó a seda rosa, um tanto gasta, que o cobria. (...)
O Sr. Michaud pegou na mala e o trio saiu (...)

Iréne Némirovsky