domingo, setembro 10, 2006

Footsteps

Don't even think about reaching me.
I won't be home.
Don't even think about stopping by.
Don't think of me at all.

I did what I had to do.
If there was a reason, it was you.

Aaah, don't even think about getting inside.
Voices in my head. Ooh, voices.
I got scratches all over my arms.
One for each day since I fell apart.

Ooh, I did, oh, what I had to do.
If there was a reason it was you.

Footsteps in the hall... It was you, you.
Ooh, pictures on my chest...
It was you.
It was you...

Ooh, I did a what I had to do.
Oh, and if there was a reason...
Oh, there wasn't no reason. no.
And if there's something you'd like to do.
Oh, just let me continue to blame you.

Footsteps in the hall... It was you, you.
Ooh, pictures on my chest... It was you, you. Oh



Footsteps
previously unreleased
Written by: Vedder/Gossard
Recorded live on Rockline, May 11, 1992, hosted by Bob Coburn
Mixed by: Jimmy Hite

quarta-feira, setembro 06, 2006

Genesis

Um filme sobre a origem do Universo, do planeta terra e por sua vez as espécies.
Para quem gosta de documentários simples acho que pode ser uma boa hora perdida.
Para aqueles que gostam mais do dinheiro não vão vê-lo. Não justifica o preço já de si exurbitante dos filmes ditos normais e as suas duas horas holywoodescas.
A explicação do cruzamento e da transformação das espécies é interessante mas é demasiado curta, por um lado entendo a necessidade de não fustigar um público de cinema normal e pouco conhecedor, por outro parece não acrescentar muito ao saber mais comum. Tenta trazer um certo encantamento quando explica a aproximação das espécies como uma necessidade de renovar a vida e o prolongamento da mesma, o amor como uma inevitabilidade, o entendimento como a salvação de uma continuidade genética, e, consequentemente, a sua transformação; tudo isto com um interlocutor ancião, transmitindo serenidade e certezas poéticas (ou poéticas certezas), num diálogo de belas imagens.
Se fosse mais extenso talvez tivesse sido apenas razoável.
É curto, mas pelo menos fica.

E se eu te aparecesse ao virar da esquina?

perco-te a cada instante

Pessoas na noite

As noites não são feitas para a multidão.
do teu vizinho te separa a noite
e contudo não deves procurá-lo.
E se de noite acenderes a luz do teu quarto
para olhares as pessoas no rosto
então deves perguntar-te: a quem.

As pessoas são terrivelmente deformadas pela luz
que dos seus rostos goteja
e, quando de noite se juntam
vês um mundo vacilante
caoticamente amontoado.
Um brilho amarelo expulsou
todo o pensamento das suas mentes,
nos seus olhares cintila o vinho,
das suas mãos pendem
os pesados gestos com que
se estendem nas suas conversas;
e com eles dizem: eu e eu
e querem dizer: qualquer um.

Rilke

De uma noite de tempestade (7)

Em noites omo esta os moribundos vêem claramente,
estendem as mãos para os cabelos, que crescem,
cujos fios brotam da fraqueza do seu crânio
nestes longos dias,
como se quisessem ficar
à tona da morte.
Os seus gestos andam pela casa
como se houvesse espelhos em toda a parte;
e esgotam com esse remexer
no seu cabeço - as forças
que foram reunindo ao longo dos anos
que passaram.

Rilke

Entardecer

O anoitecer enverga lentamente as vestes
que um renque de velhas árvores lhe sustém;
tu olhas: e de ti separam-se as terras,
uma que sobe ao céu e a outra que se despenha;

e deixam-te, a ti que a nenhuma pertences,
nem tão escuro como a casa silenciosa
nem tão seguro evocando a eternidade
como a que todas as noites se torna astro ascende -


e deixam-te (indizível de desenredar)
a tua vida inquieta, imensa e amadurecendo,
para que, ora confinada, ora compreensiva,
em ti se torne ora pedra ora estrela.

Rilke

Desonesto?

Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço,
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço

A. Aleixo

Via laietana

Uma rua que ladeia pablo e as suas angulações
e aqueles dez anos de vida e de olhar que impressionam
A velha Catedral
o bairro que procurei era gótico
ruelas estreitas
pessoas estranhas e as outras
sobre ela saiem ínfimos braços
tentáculos marginais
as estreitas
os estranhos
e depois os outros
Via de manifestações
e os outros
Sobre elas turistas atentos
e os outros
Roubos
os marginais
e depois os outros
Ramblas apertadas
encerram-se por um mar
atravessada pela diagonal
e por um passeio engraçado
temos tapiés
mas vive-se de gaudi
à esquerda
e depois à direita
mais à direita ainda
endireitados olhamos para cima
para uma catedral apertada por um exaimple
e então logo depois
mais adiante
um parque suspenso
um olhar sobre a cidade
Montjuic imortal ao encostado Miró
Exaimple bem desenhado
A elegância da Catedral de Gaudí
Uma torre isolada e mais duas.
outra vez o mar e o novo.
Acho que saberia viver aqui.

autocarro psicadélico

Decidi ir espairecer a cabeça.
Decidi não aparecer.
Encontar um lugar de repouso onde me pousasse e deixasse ficar. Saí sobre uns pés desconhecidos, desgastados talvez. Hoje saíste à rua pela segunda tentativa e meia; assim como ontem teria sido a tua penúltima se não fosses teimosa. São imagens que produzes.

Revolves escombros de paixão.
Eu viajo.
Prometes-te sempre que decidirás o interessante da tua vida, alcançar cedo a leveza e o descanso, para recortar e então cerzir os medos dos outros.

Subtilmente entornei os meus pés por essas vidas que são de outros. Aquela cidade chamava-te a todo o instante. As luzes psicadélicas que são sempre assim. E só da primeira foram estranhas. Agora são só sempre as mesmas. Agora são só mesmo as mesmas. Todos os momentos que reflectia surgia a ideia de uma cidade leve mas ela de leveza tinha tão pouco que assustava. Iludir-me com esta urbe seria dizer mentira e distintamente sumptuosa, livre de amargura.
Descalçei-me.
Pus-me à vontade, dizia eu: mais leve.
Os temores não se descalçam por mais que tentasse, por mais botas e sapatos que descalçasse os outros não se faziam acompanhar e permaneciam; pungentes.
Fugi porque queria ser livre. E agora, em dor, voltar é matar-me à frente dos outros. É mostrar as impressões de um crime.
Arrumei os sapatos à porta de casa como os ingleses, percorri os tacos de madeira com a planta do pé, sentindo-os pelas suas imperfeições. Levei-me até ao escritório onde adormeci a ver as luzes exteriores por entre o grande vão que irrompia por dentro da cidade. A linha perfeita, o contorno daquela cidade abunda-me e percorre-me. Sortudos são aqueles que a obtêm sem ter que pedir. E eu pedi esta cidade.
Quis vir para cá quando estudava psicologia em Lisboa. E este autocarro de dois andares levou-me para longe.
Insulto-me diariamente e nem por isso abro a boca. Tudo corre por dentro.
Sobra-me o autocarro que me leva a um destino indefinido. Escuso-me de tentar escolhê-los, eles são mesmo sobrantes, tal como o autocarro que me carrega. Sobre o seu dorso traz também roupas antigas, sapatos usados, e dores presentes.