terça-feira, fevereiro 28, 2006

sábado, fevereiro 25, 2006

Frida Khalo

A exposição da pintora Frida khalo inaugurou na quinta-feira a "preceito". Muitas aparências, aparatos e aperitivos.

ponto 1. desconheço as razões mas o espaço é mal utilizado (tudo muito cénico).

ponto 2. a tentativa de enriquecer a exposição não passa dos desenhos/pinturas.Tudo o resto é mau.

ponto 3. insisto na mediania, apesar de não ter visto o mini-documentário. (too-noisy!!)
enfim, embora os desenhos sejam interessantes, a pintura dela tem qualquer coisa que não consigo captar. Deve ter vida a mais. Uma coisa é certa: ela não teve uma vida lá muito fácil!

sábado, fevereiro 18, 2006

tinta, papel e ideia

Súbita vontade de pintar.

aparente desacerto

saber observar
dominar o silêncio

excerto de um "poema escrito nas paredes de Nova Iorque"

(...) Esta cidade não suporta lamentos
Não compreende a morte
Mas no seu centro aguenta
O mais bárbaro e nobre dos berros misericordiosos

os arranha-céus oscilam
com esse grito sem fim
as pessoas tapam os ouvidos e os olhos
e andam cada vez mais depressa
cada vez mais
Apavoradas

(...)

Alberto de Lacerda

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

página setenta e três

Que mundo desmaiado é esse
onde o final é
um branco esquecimento?
Com tímida audácia
florimos em nada

ana hatherly, fibrilações

página setenta e sete

Há palavras
que só vivem de noite
Só falam surdamente
sem lábios

ana hatherly, fibrilações

página setenta e nove

na língua dos olhos
so há nudez
Tudo é perturbante
vago
extraviado

ana hatherly, fibrilações

Terror de te amar

terror de te amar num sítio tão frágil como
[o mundo.

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

sophia de mello breyner andresen, coral

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

domingo, fevereiro 12, 2006

resposta número três

A escrita é a minha primeira morada do silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se
por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente...areia e mais areia

esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos

espalhávamos sementes de cicuta pleo noveiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira mar

outros corpos de salsugem atravesam o silêncio
desta morada erqguida na precária saliva do crepúsculo

al berto

Quando penso

Quando penso
a neve cai em mim
com uma lentidão sobrenatural

Não bate leve
como quem chama por mim:Não bate
não chama
nem sequer cai

Paira
suspensa do tecido da matéria
onde só a luz cria o espaço

Mas sem luz não há espaço
e devorada por uma réstea de sol
imagino o meu pequeno vulto
lutano com o infinito desacerto-acerto

quando penso
no meu peito estremece
a oferenda íntima
duma fractura oculta



ana hatherly

o segredo

Talvez fosse demasiado cedo quando ele chegou, apavorado. Talvez a mãe o esperasse, apenas mais tarde. Era quase de noite.
A escuridão começava a encher apenas os cantos da sala. Anoitecia devagar. Quando a mãe ouviu o estrondo dos passos dele nos degraus de madeira, teve a calma suficiente para pousar a malha sobre o colo e fixar o olhar na porta.
Num instante, a imagem do rosto dele.
A mãe conhecia-lhe todas as idades e acreditava que ao longo dos anos, tinha conhecido todas as expressões possíveis do seu rosto.Enganava-se.
Quando ele entrou, à medida que a respiração lhe diminuía o ritmo no peito, o seu rosto permanceu com uma forma que nunca tinha tido até aí e que nunca mais voltaria a ver.
Os seus olhos directos e constantes, eram um lugar profundo, onde se tinha medo de entrar.
A pele do rosto estranhamente branca, era como a última desistência dos mortos.
os seus lábios, ocmprimidos nas palavras que não eram capaz de dizer, eram uma linha.
Em silêncio, esperava respostas. Os movimenos da mãe foram mais lentos porque paravam nas sombras que , depois de casa instante, cresciam e, tão devagar, a envolviam.
ao levantar-se, pousou a malha sobre a cadeira onde antes estava sentada, deus dois passos na direcção dele, parou-se, esperou um instante e, olhando-o sempre, disse: "nunca desejei nada disto, mas o mundo é surdo aos nossos desejos: o munod encontra estranhas formas de se vingar daqueles que foram fracos durante um momento: o único momento é suficiente para se construir as condenações inteiras de uma vida."
A noite, plena, atravessava as cortinas , instalava-se sobreos móveis e dentro dos seus corpos parados frente a frente, quando ele lhe conseguiu dizer: #«" porque é que nunca foi capaz de me contar?"

josé luis peixoto

Resposta número dois

Fomos esculpindo a perfeição
para depois a inscrevermos na memória
e sobrevivermos ao tempo de solidão

Em cada gesto explodimos as froteiras
e fomos até onde é insustentável ficar
apenas porque sabíamos que queríamos voltar

mas o tempo de viragem é um enchimento desesperado de vazio
e suspensos no medo
paralisámos sem avanço nem recuo
inertes
até um dia

ana viana "mundo entretecido"

Capítulo zero

As tardes de domingo eram sempre assim, pálidas de espera (...)

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Zeroº graus

Londres, aqui vou eu!