sábado, setembro 30, 2006

Acordo de cavalheiros

The unbearable lightness of being

Era uma vez um médico com uma vida de poligamia.
Praga.
Primavera.
Vermelho.
Uma mulher.
Outra mulher.
As outras.
Fuga.
Reencontro.
Paixão.
Mulheres.
Paixão por ele.


O que é de facto mais pesado na vida de um ser?
Que fardo é esse que se aparenta tão leve?
Por quem os homens amam?
Por quem eles morrem?

quinta-feira, setembro 28, 2006

Mariana canta Marias

Ondajazz

Dia 28.

Quinta.

23H00 .


Maria Abrunheiro (voz)

Ruben Alves (piano)


"Mariana Abrunheiro sabe ir ao encontro de quem está a ouvir para lhe entregar as suas emoções .
O prazer que ela tem a cantar é o mesmo que aquele que temos em ouvi-la.
Esta troca propaga-se muito rapidamente na sala. Porque Mariana vive as suas palavras, os seus movimentos, os seus poemas, as suas canções através do vosso olhar, seguindo o fio da história das Marias de todos os países que ela tanto procurou.
Maria canta Marias.
Há em Mariana Abrunheiro aquela força de honestidade, uma voz que não nos deixa indiferentes. Uma voz que aquece, que fica ao pé de nós mesmo quando vamos embora, porque Mariana sabe fazer-nos entrar na sua história, na sua noite.
Com generosidade, força mas também um certo pudor.
Quem, melhor do que Ruben Alves, poderia responder para estar ao seu lado, responder aos seus poemas com notas essenciais, ricas, simples, quentes e tão verdadeiras. Notas que transportam rimas, voz e magia naquela viagem única.
Ruben sabe estar presente quando é preciso...
- Mariana Abrunheiro...- Ruben Alves...- Você...
Esta noite, uma história... três cumplices ."

texto em www.ondajazz.com

sexta-feira, setembro 22, 2006

Volver

Um filme que vai do mais negro ao mais celeste humor. Não sei se a penélope é uma estrela não sei se o almodovar é uma estrela. No fundo gostei bastante desta película que diz muito do que pode ser uma vida entalada por circunstancias irreais e outras tantas possíveis. Na essência somos isto mesmo. E de umas resultam outras. Tanto surgimos contentes como de seguida algo influencia o nosso trajecto. Por mais simples que seja...

O filme é mais do que isto porém é mais simples.
Nos tempos que correm o comentário a fazer não vem nem em pontos nem estrelas...
mas sim...vale o roubo do bilhete!

eles só não dizem na bilheteira: mãos ao ar! isto é um assalto...porque de resto é similar...

Desgaste de um cabrão qualquer

"...Retiro o que disse daquela vez que nos vimos. Sim, essa: a última!
Sabes a dificuldade que tenho em sentir, aliás, por muito pouco sei o que isso é.
Sabes como eu sou um cabrão, um manipulador.
Um filho da puta insensível e não sei remediar devaneios.
Sim, não sei remediá-los; Mentir? não consigo!
Mas chamas-lhe mentira e eu aqui, a contar...
Sim, estive com essa e a outra. Não me infernizo por isso.
Sinto que entras demais em mim;
eu demasiado nelas...
Hoje terminamos com a tua tolerância.
Acabámos de vez."

terça-feira, setembro 19, 2006

segunda-feira, setembro 18, 2006

Festival Internacional de Banda Desenhada

Mais um ano de um imaginário imenso que nasce precisamente de uma cidade sem ideia.
Irónico inconclusivo e sobretudo pobre. A cidade promove um evento que de Internacional sobressai um ou outro nome mais sonante e aligeira em demasia aquilo que devia ser um ícone. Podia ser mais afirmativo no panorama nacional e não o é. Repito-me vezes sem conta e continuo a encontrar à minha volta pouco entusiasmo na altura de ir visitar.
O arranque para os artistas está encontrado tendo como fim da entrega dos trabalhos a 25 de Setembro.
O tema é: "UM OLHAR SOBRE O RESTO DO MUNDO"
É altura de dar corda às mãozinhas e desenhar!
Até Outubro...
www.amadorabd.com

sábado, setembro 16, 2006

Subverter

revolver
revolucionar
destruir

Yojimbo

Uma aventura épica de um samurai a soldo, de nome Sanjuro, de 1961 de Akira kurosawa. Diria eu que o personagem é um trapaçeiro só com escala similar no Han Solo do filme "Star Wars" de George Lucas.
Aliás, George Lucas nunca escondeu a sua predilecção por filmes do mestre japonês. Quem na juventude pode dizer que não teve referências? Já me dizia um outro mestre que para cada projecto há um pai, e aqui esta ponte é feita com a tranquilidade de uma geração, sem tentativa de usurpação de ideias capitais. Diria que também este mestre japonês foi buscar muito do que foi uma geração de westerns, a John Ford, na altura a sua. E dessas longas metragens surgia John Wayne; a sua postura de canastrão foi ficando e o cinema foi repetindo e produzindo espaçadamente ícones que abraçavam este tipo de figura.
A colecção destes personagens que vagueiam entre o bom e o vilão, esse interstício complexo e de desacertadas personalidades, muitas das vezes mais interessantes, vendem uma profundidade no campo das aparências, surgindo no diálogo com palavras curtas e secas. São egoístas por natureza e cruéis e na outra face meigos e indulgentes. São em todas as vezes temerários, indelicados e distintos. São seres isolados.
Não pedem desculpa, nem dizem obrigado.
Muito bom filme.

terça-feira, setembro 12, 2006

Sabe a perdição.

Acho que esqueci uma coisa dentro do teu Carocha descapotável amarelo!
Não era um objecto, nem pequeno nem grande.
Esqueci-me de dizer: adoro-te! Perdi sei lá como. Repara, ía mesmo a dizer e, no entanto, perdeu-se...e eu que nem costumo largar paixões assim.
Posso ir lá buscar? é assim grande e insensato. Trazes-me?

segunda-feira, setembro 11, 2006

Teatro urbano

Por detrás de um casaco de bombazine antigo descobri um papel amarrotado que ao que tudo indicava ser uma carta, uma estrondosa e apaixonada carta, imaginava eu. Arrebatador, dissera entusiasmada. A vontade foi de facto muito forte e pressionou a minha mão lenta ao pedaço de papel que teimava em deixar-me curiosa. Aquela tarde parecia querer ser mais destemida que as anteriores, todas aquelas que prefaziam a minha inexperiência. De algum modo, e sem me aperceber, salta um estranho indivíduo por detrás de uma prateleira e puxa do casaco, de tal modo violento que a carta soltou-se efectivamente, caindo no chão sem que se tivesse apercebido. Por breves momentos pensei chamá-lo, mas nem o impulso surgiu nem a vontade de devolver e avisar o sujeito apressado aconteceu. Após o sobrecitado senhor ter saído das imediações, num passo estonteante, baixei-me e, contrariamente à tendência dos meus fracos reflexos, retirei logo aquilo que imaginava ser uma carta e coloquei-a no bolso por detrás das calças. Bastava-me agora sair com plena calma e descobrir um local isolado onde pudesse ver o achado sem olhares intrusos. A minha primeira vontade era quebrar aquele teatro e ver o que continha o A5 meio rasgado nas pontas.
Ao desdobrá-lo em casa, em segurança, verifiquei que alguém me procurava.
Tinha os locais que costumo frequentar, horas...tudo! Gelei.
Senti um novo medo urbano. Fechei as cortinas de casa. Fechei-me.
As vezes que vi rua, foram vezes de aparente liberdade. Isso agora acabou.

domingo, setembro 10, 2006

Crash into me

You´ve got your ball
You´ve got your chain
Tied to me tight tie me up again
Whos got their claws
In you my friend
Into your heart Ill beat again
Sweet like candy to my soul
Sweet you rock
And sweet you roll
Lost for you Im so lost for you
You come crash into me
And I come into you
I come into you
In a boys dream
In a boys dream
Touch your lips just so I know
In your eyes, love, it glows so
Im bare boned and crazy for you
When you come crash
Into me, baby
And I come into you
In a boys dream
In a boys dream
If I´ve gone overboard
Then Im begging you
To forgive me
In my haste
When Im holding you so girl
Close to me
Oh and you come crash
Into me, baby
And I come into you
Hike up your skirt a little more
And show the world to me
Hike up your skirt a little more
And show your world to me
In a boys dream.. in a boys dream
Oh I watch you there
Through the window
And I stare at you
You wear nothing but you
Wear it so well
Tied up and twisted
The way Id like to be
For you, for me, come crash
Into me



dmb

#41

Come and see
I swear by now Im playing time
I against my troubles
Im coming slow but speeding
Do you wish a dance and while im
In the front
The play on time is won
But the difficulty is coming here

I will go in this way
And find my own way out
I wont tell you to stay
But Im coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in you now
What if they came down crushing
Remember when I used to play for
All of the loneliness that nobody
Notice now
Im begging slow Im coming here
Only waiting I wanted to stay
I wanted to play
I wanted to love you

Im only this far
And only tomorrow leads my way

Im coming waltzing back and moving into your head
Please, I wouldnt pass this by
I would take any more than
What sort of man goes by
I will bring water
Why wont you ever be glad
It melts into wonder
I came in praying for you
Why wont you run
In the rain and play
Let the tears splash all over you


Dave mathews band

Grace

There's the moon asking to stay
Long enough for the clouds to fly me away
Though it's my time coming, I'm not afraid, afraid to die
My fading voice sings of love,
But she cries to the clicking of time,
Of time

Wait in the fire...

And she weeps on my arm
Walking to the bright lights in sorrow
Oh drink a bit of wine we both might go tomorrow,oh my love
And the rain is falling and I believe
My time has come
It reminds me of the pain I might leave
Leave behind

Wait in the fire...

And I feel them drown my name
So easy to know and forget with this kiss
But I'm not afraid to go but it goes so slow

Wait in the fire...



Jeff Buckley

Não te solto

Aprisionei o teu cheiro perfume nas minhas certezas

Dead man walking

Sailing on my every step.
Inching off of the earth.
Is magnified by the things I've done.
The thing that I've become.

Every lift of my hand.
Coffee cup and back.
Is magnified by the things I've done.
The things I've seen.
The things I've caused.

I'm a dead man walking.

The hammer that I once brung down now hovers over me.
Cast a shadow... across, onto me.

The hallways are all mocking me.
What I've become they're all mocking me.

I'm a dead man walking.
A dead man walking.
A dead man walking.
I'm a dead man walking.
Dead man walking. Dead man walking.




Dead Man
previously unreleased
Written by: Vedder

Footsteps

Don't even think about reaching me.
I won't be home.
Don't even think about stopping by.
Don't think of me at all.

I did what I had to do.
If there was a reason, it was you.

Aaah, don't even think about getting inside.
Voices in my head. Ooh, voices.
I got scratches all over my arms.
One for each day since I fell apart.

Ooh, I did, oh, what I had to do.
If there was a reason it was you.

Footsteps in the hall... It was you, you.
Ooh, pictures on my chest...
It was you.
It was you...

Ooh, I did a what I had to do.
Oh, and if there was a reason...
Oh, there wasn't no reason. no.
And if there's something you'd like to do.
Oh, just let me continue to blame you.

Footsteps in the hall... It was you, you.
Ooh, pictures on my chest... It was you, you. Oh



Footsteps
previously unreleased
Written by: Vedder/Gossard
Recorded live on Rockline, May 11, 1992, hosted by Bob Coburn
Mixed by: Jimmy Hite

quarta-feira, setembro 06, 2006

Genesis

Um filme sobre a origem do Universo, do planeta terra e por sua vez as espécies.
Para quem gosta de documentários simples acho que pode ser uma boa hora perdida.
Para aqueles que gostam mais do dinheiro não vão vê-lo. Não justifica o preço já de si exurbitante dos filmes ditos normais e as suas duas horas holywoodescas.
A explicação do cruzamento e da transformação das espécies é interessante mas é demasiado curta, por um lado entendo a necessidade de não fustigar um público de cinema normal e pouco conhecedor, por outro parece não acrescentar muito ao saber mais comum. Tenta trazer um certo encantamento quando explica a aproximação das espécies como uma necessidade de renovar a vida e o prolongamento da mesma, o amor como uma inevitabilidade, o entendimento como a salvação de uma continuidade genética, e, consequentemente, a sua transformação; tudo isto com um interlocutor ancião, transmitindo serenidade e certezas poéticas (ou poéticas certezas), num diálogo de belas imagens.
Se fosse mais extenso talvez tivesse sido apenas razoável.
É curto, mas pelo menos fica.

E se eu te aparecesse ao virar da esquina?

perco-te a cada instante

Pessoas na noite

As noites não são feitas para a multidão.
do teu vizinho te separa a noite
e contudo não deves procurá-lo.
E se de noite acenderes a luz do teu quarto
para olhares as pessoas no rosto
então deves perguntar-te: a quem.

As pessoas são terrivelmente deformadas pela luz
que dos seus rostos goteja
e, quando de noite se juntam
vês um mundo vacilante
caoticamente amontoado.
Um brilho amarelo expulsou
todo o pensamento das suas mentes,
nos seus olhares cintila o vinho,
das suas mãos pendem
os pesados gestos com que
se estendem nas suas conversas;
e com eles dizem: eu e eu
e querem dizer: qualquer um.

Rilke

De uma noite de tempestade (7)

Em noites omo esta os moribundos vêem claramente,
estendem as mãos para os cabelos, que crescem,
cujos fios brotam da fraqueza do seu crânio
nestes longos dias,
como se quisessem ficar
à tona da morte.
Os seus gestos andam pela casa
como se houvesse espelhos em toda a parte;
e esgotam com esse remexer
no seu cabeço - as forças
que foram reunindo ao longo dos anos
que passaram.

Rilke

Entardecer

O anoitecer enverga lentamente as vestes
que um renque de velhas árvores lhe sustém;
tu olhas: e de ti separam-se as terras,
uma que sobe ao céu e a outra que se despenha;

e deixam-te, a ti que a nenhuma pertences,
nem tão escuro como a casa silenciosa
nem tão seguro evocando a eternidade
como a que todas as noites se torna astro ascende -


e deixam-te (indizível de desenredar)
a tua vida inquieta, imensa e amadurecendo,
para que, ora confinada, ora compreensiva,
em ti se torne ora pedra ora estrela.

Rilke

Desonesto?

Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço,
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço

A. Aleixo

Via laietana

Uma rua que ladeia pablo e as suas angulações
e aqueles dez anos de vida e de olhar que impressionam
A velha Catedral
o bairro que procurei era gótico
ruelas estreitas
pessoas estranhas e as outras
sobre ela saiem ínfimos braços
tentáculos marginais
as estreitas
os estranhos
e depois os outros
Via de manifestações
e os outros
Sobre elas turistas atentos
e os outros
Roubos
os marginais
e depois os outros
Ramblas apertadas
encerram-se por um mar
atravessada pela diagonal
e por um passeio engraçado
temos tapiés
mas vive-se de gaudi
à esquerda
e depois à direita
mais à direita ainda
endireitados olhamos para cima
para uma catedral apertada por um exaimple
e então logo depois
mais adiante
um parque suspenso
um olhar sobre a cidade
Montjuic imortal ao encostado Miró
Exaimple bem desenhado
A elegância da Catedral de Gaudí
Uma torre isolada e mais duas.
outra vez o mar e o novo.
Acho que saberia viver aqui.

autocarro psicadélico

Decidi ir espairecer a cabeça.
Decidi não aparecer.
Encontar um lugar de repouso onde me pousasse e deixasse ficar. Saí sobre uns pés desconhecidos, desgastados talvez. Hoje saíste à rua pela segunda tentativa e meia; assim como ontem teria sido a tua penúltima se não fosses teimosa. São imagens que produzes.

Revolves escombros de paixão.
Eu viajo.
Prometes-te sempre que decidirás o interessante da tua vida, alcançar cedo a leveza e o descanso, para recortar e então cerzir os medos dos outros.

Subtilmente entornei os meus pés por essas vidas que são de outros. Aquela cidade chamava-te a todo o instante. As luzes psicadélicas que são sempre assim. E só da primeira foram estranhas. Agora são só sempre as mesmas. Agora são só mesmo as mesmas. Todos os momentos que reflectia surgia a ideia de uma cidade leve mas ela de leveza tinha tão pouco que assustava. Iludir-me com esta urbe seria dizer mentira e distintamente sumptuosa, livre de amargura.
Descalçei-me.
Pus-me à vontade, dizia eu: mais leve.
Os temores não se descalçam por mais que tentasse, por mais botas e sapatos que descalçasse os outros não se faziam acompanhar e permaneciam; pungentes.
Fugi porque queria ser livre. E agora, em dor, voltar é matar-me à frente dos outros. É mostrar as impressões de um crime.
Arrumei os sapatos à porta de casa como os ingleses, percorri os tacos de madeira com a planta do pé, sentindo-os pelas suas imperfeições. Levei-me até ao escritório onde adormeci a ver as luzes exteriores por entre o grande vão que irrompia por dentro da cidade. A linha perfeita, o contorno daquela cidade abunda-me e percorre-me. Sortudos são aqueles que a obtêm sem ter que pedir. E eu pedi esta cidade.
Quis vir para cá quando estudava psicologia em Lisboa. E este autocarro de dois andares levou-me para longe.
Insulto-me diariamente e nem por isso abro a boca. Tudo corre por dentro.
Sobra-me o autocarro que me leva a um destino indefinido. Escuso-me de tentar escolhê-los, eles são mesmo sobrantes, tal como o autocarro que me carrega. Sobre o seu dorso traz também roupas antigas, sapatos usados, e dores presentes.