Dos dias passados contamos histórias por dentro, sobre as quais tememos partilhar ou contar, contamo-nos isto e aquilo, e desenhamos imagens rarefeitas mas tão cheias de presença, tão singulares que nos fazem rir, sorrir, ou então emoções pendentes, rastejantes, penosas mesmo; choramos largas lágrimas de tristeza, de perdão e choramos o não acontecido, por dentro dessas histórias que podem ser de lenta dissecação, que leva tempo sobre os pensamentos mais vulgares. Exactamente por imaginarmos, por termos essa inresponsabilidade quase diária de invocar sentimentos teimosos, persistentes que nos dobram, vincam, magoam, é que lembramos dessa impossível subtileza não utilizada a que se chama memória totalmente apagada. Quantos de nós ousam esquecer alguém ou um lugar associado sem pensar que não se vai esquecer assim, refém de uma vontade momentânea. Quantas tentativas de imagens apagadas relembram outras? Sequências inteiras que me diziam: volta. Teço à minha volta fibras de esquecimento mas a minha coragem insiste nos berros que me dás por dentro e elas desistem logo ali, esfarelam-se.
Solto-me? Aquela viagem que me fez parar no centro da europa resume-se a pouco. Tu foste-te de vez sobre passos largos depois da linha de fronteira...subsiste, prevalece o sentimento sobre a imagem, e depois novamente aquela triste imagem que nos surge logo mais uma vez; recorrente- assim de tempos em tempos. Nunca serás um país esquecido, tens a impossibilidade e a minha vontade como prova irrefutável.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
segunda-feira, dezembro 25, 2006
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado
-Mas que gostar provinciano! -disse ele.
A série de discussões decorria a ritmo avassalador, hoje perdi o episódio e esqueci-me da chatice do dia.
Por vezes é bom esquecer que existe uma quezília à hora marcada, mas que depois aparece multiplicada, com repercussões não lembradas por mim e sobre as quais exijo desconhecimento absoluto. Mais que não seja para acentuar a dita verdade exposta.
A cidade invoca deliberadamente afastamentos cirúrgicos.
Desses, e sem culpa, perco amigos, ganho desconhecidos amigos de outros e as lágrimas já não fazem sentido. Daí resultam outros, não os meus: os dele.
A vida soma-se, vai-se somando e para variar ninguém sabe dividir;
Nem contas de dividir...
As cidades auto excluem-se de mentira mas morrem cedo de vergonha.
Não tenho vergonha, apenas saudades do que podia ter sido a urbe que decalquei na memória.
Vislumbrar um projecto na cabeça é bom quando o tempo responde afirmativamente, mas pode ser ingrato se a cidade, e por quem ela é manobrada, nos derrotar primeiro.
Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado.
Mas se continuas assim, cidade; eu digo-te adeus.
A série de discussões decorria a ritmo avassalador, hoje perdi o episódio e esqueci-me da chatice do dia.
Por vezes é bom esquecer que existe uma quezília à hora marcada, mas que depois aparece multiplicada, com repercussões não lembradas por mim e sobre as quais exijo desconhecimento absoluto. Mais que não seja para acentuar a dita verdade exposta.
A cidade invoca deliberadamente afastamentos cirúrgicos.
Desses, e sem culpa, perco amigos, ganho desconhecidos amigos de outros e as lágrimas já não fazem sentido. Daí resultam outros, não os meus: os dele.
A vida soma-se, vai-se somando e para variar ninguém sabe dividir;
Nem contas de dividir...
As cidades auto excluem-se de mentira mas morrem cedo de vergonha.
Não tenho vergonha, apenas saudades do que podia ter sido a urbe que decalquei na memória.
Vislumbrar um projecto na cabeça é bom quando o tempo responde afirmativamente, mas pode ser ingrato se a cidade, e por quem ela é manobrada, nos derrotar primeiro.
Por vezes recúo nos gritos e solto um desculpa-me calado.
Mas se continuas assim, cidade; eu digo-te adeus.
Pavilhão sem china
Quantos brinquedos tens? Perguntou o miúdo mais novo...
- Tenho imensos, cabem-te na palma dos sonhos.
Hoje sonhei ser grande e vencedor. Venci porque dei.
Não sei se amnhã os dias são tão suaves. Repensar o dito, nomear os silêncios amúos e gritar adoro-te.
Até amanhã mestre dos sonhos
- Tenho imensos, cabem-te na palma dos sonhos.
Hoje sonhei ser grande e vencedor. Venci porque dei.
Não sei se amnhã os dias são tão suaves. Repensar o dito, nomear os silêncios amúos e gritar adoro-te.
Até amanhã mestre dos sonhos
sexta-feira, novembro 03, 2006
O senhor chinês que tinha uma motoreta encarnada
Notei quando abrandei o meu ritmo de abstracção habitual que me é inerente apenas porque parei. Pus-me a observar inevitavelmente as pessoas que passavam naquele passeio de uma rua em lx. Invariavelmente as pessoas encostam as suas faces no o chão e socorrem-se de detalhes crueis que se multiplicam e tiram singularidade à individualidade, que as afastam. Medo disfarçado de egoísmo, silêncio urbano, soberba, chamem-lhe o que quiserem, há de tudo.
Nesse instante vi um personagem que se tornou cativante depois de algum tempo de observação. Esperava alguém e naquele momento destacava-se um indivíduo dos demais.
Um imigrante chinês, e apenas cito aqui a sua origem por facilidade de percepção mental e porque que não era nem mais nem menos que um cidadão do mundo oriundo do continente Asiático, que seguia a sua vida diária aproximou-se de uma motoreta velha de idade cuidadosamente estacionada e surpreendentemente bem tratada.
De capacete sobre o assento, aquele senhor verificou exaustivamente cada parte da motoreta encarnada, limpou o assento vezes sem conta e verificou o contador e avisador outras tantas. Passados uns momentos nestas verificações, diria que uns bons 15 minutos, passou então à ignição do motor e respectivas observações de mecânica. A moto foi meticulosamente inspecionada no meio da rua antes de prosseguir com a sua viagem. E aí surge o mais surpreendente. O senhor chinês arrumou o seu pano de limpeza no bolso de trás das suas calças e prosseguiu com a sua vida, deixou a sua moto no mesmo sítio fazendo entender que aquilo tinha sido uma verificação rotineira do estado geral do motociclo.
Percebi que aquela motoreta não se podia avariar, em qualquer circunstância, aquele ritual contido e justificativo fez-me alterar comportamentos menos razoáveis. O senhor da motoreta dava uma lição sem saber e calava-me a cada movimento de atenção com que era dado aquela pequena vespa encarnada, e logo a mim que pouco ligava a máquinas. Não digo afectivamente mas de algum modo as coisas parecem resistir mais tempo quando tratamos delas com tanta exigência e pormenor. Aquele senhor passou continuadamente aquele pano encardido pelas peças todas, verificou-a com precisão milimétrica e também com a noção que de onde aquela tinha vindo não vinha outra. Estava ali um momento de reflexão e de como nos desligamos do que temos, decorrente da facilidade com que nos publicitam produtos, ideias e imagens; como se tudo fosse desprezível, fácil e plástico, e daí a má associação do: estraga-se, vai fora! Somos impelidos a este círculo sem piedade pela terra mas defronte com as inúmeras questões até podemos ficar calados, se fizéssemos o mesmo que o senhor provavelmente havia mais observadores atentos na rua, que por uma vez que fosse pensassem no assunto. Acumulamos prémios e troféus rapidamente destrutíveis aos quais não damos interesse nenhum depois do uso, como brinquedos, como crianças. Mas aquele senhor não se pode dar a esse luxo, então verifica o seu transporte com inteligência. Não prevemos o uso, contemplamos o desperdício. A verdade é que provavelmente como tantas outras vezes vou esquecer este senhor e prosseguir com a destruição do que nos resta. Os mais "puros" dirão: andar a pé é que é, e o chinês que vá para a terra dele. (ele até ía...mas não cabe lá.) eu digo: a grande merda é quando não se tem nada e temos que viver com o que há (ainda está para nascer o conceito do que é não ter nada). Os que condicionam e os condicionados.
Nesse instante vi um personagem que se tornou cativante depois de algum tempo de observação. Esperava alguém e naquele momento destacava-se um indivíduo dos demais.
Um imigrante chinês, e apenas cito aqui a sua origem por facilidade de percepção mental e porque que não era nem mais nem menos que um cidadão do mundo oriundo do continente Asiático, que seguia a sua vida diária aproximou-se de uma motoreta velha de idade cuidadosamente estacionada e surpreendentemente bem tratada.
De capacete sobre o assento, aquele senhor verificou exaustivamente cada parte da motoreta encarnada, limpou o assento vezes sem conta e verificou o contador e avisador outras tantas. Passados uns momentos nestas verificações, diria que uns bons 15 minutos, passou então à ignição do motor e respectivas observações de mecânica. A moto foi meticulosamente inspecionada no meio da rua antes de prosseguir com a sua viagem. E aí surge o mais surpreendente. O senhor chinês arrumou o seu pano de limpeza no bolso de trás das suas calças e prosseguiu com a sua vida, deixou a sua moto no mesmo sítio fazendo entender que aquilo tinha sido uma verificação rotineira do estado geral do motociclo.
Percebi que aquela motoreta não se podia avariar, em qualquer circunstância, aquele ritual contido e justificativo fez-me alterar comportamentos menos razoáveis. O senhor da motoreta dava uma lição sem saber e calava-me a cada movimento de atenção com que era dado aquela pequena vespa encarnada, e logo a mim que pouco ligava a máquinas. Não digo afectivamente mas de algum modo as coisas parecem resistir mais tempo quando tratamos delas com tanta exigência e pormenor. Aquele senhor passou continuadamente aquele pano encardido pelas peças todas, verificou-a com precisão milimétrica e também com a noção que de onde aquela tinha vindo não vinha outra. Estava ali um momento de reflexão e de como nos desligamos do que temos, decorrente da facilidade com que nos publicitam produtos, ideias e imagens; como se tudo fosse desprezível, fácil e plástico, e daí a má associação do: estraga-se, vai fora! Somos impelidos a este círculo sem piedade pela terra mas defronte com as inúmeras questões até podemos ficar calados, se fizéssemos o mesmo que o senhor provavelmente havia mais observadores atentos na rua, que por uma vez que fosse pensassem no assunto. Acumulamos prémios e troféus rapidamente destrutíveis aos quais não damos interesse nenhum depois do uso, como brinquedos, como crianças. Mas aquele senhor não se pode dar a esse luxo, então verifica o seu transporte com inteligência. Não prevemos o uso, contemplamos o desperdício. A verdade é que provavelmente como tantas outras vezes vou esquecer este senhor e prosseguir com a destruição do que nos resta. Os mais "puros" dirão: andar a pé é que é, e o chinês que vá para a terra dele. (ele até ía...mas não cabe lá.) eu digo: a grande merda é quando não se tem nada e temos que viver com o que há (ainda está para nascer o conceito do que é não ter nada). Os que condicionam e os condicionados.
quinta-feira, novembro 02, 2006
A rapariga das riscas
Havia uma loja de canto que passava despercebida a tantos miúdos menos aquela rapariga maria-rapaz que tinha sempre umas meias muito riscadas e coloridas.
Certo dia lá ganhou coragem para entrar e viu a loja mais encantadora até hoje.
Carregada de pó e de memórias vastas a menina de pernas altas e riscadas, franja preta inclinada sobre os olhos, subiu por entre o amontoado de caixas empilhadas até atingir o topo daquela montanha. Chegara ao tecto destemidamente e as caixas não demonstraram sinal de alarme; não estremeceram um mícron sequer! Foi então que do alto daquele amontoado se apercebeu que o chão se encontrava muito mas muito lá ao longe. O medo e os tremores apoderaram-se das suas pernitas listadas cheias de cor e por pouco não se assistiu a um grande trambulhão. Lá se agarrou fervorosamente a um pedaço de madeira que surgia misteriosamente do tecto, por entre bocados de estante e livros amassados. O ruído acentuou-se até quebrar e aquela pequena peça mexeu-se soltando um livro dourado que levemente dançou numa descida abismal sem tocar em nada. Miraculosamente em nada! A menina lá garantiu o equilíbrio e aventurou-se numa descida acelerada e perigosa na ânsia de bisbilhotar o volume ímpar que caíra lá do cimo da pilha de caixotes. A vontade assombrou o medo e fê-lo desaparecer nos 10 segundos de "Rappel" por ali abaixo.
Zás Zás Zás e cá estava ela novamente; pronta para ver o conteúdo do pequeno livro dourado.
O livro vinha bem trancado e mesmo assim a sua teimosia era mais forte; com alguma perspicácia e desenvoltura lá se desembaraçou do trinco e abriu o livro mágico que sobrevivera ao impacto! A primeira vez que olhou para ele não percebera bem o que era. Até olhar uma e outra vez, apercebendo-se que se via mais velha, e de seguida mais nova. Como se a vida lhe corresse pelos olhos. Viu tristeza, viu passado. Mas o livro era uma coisa boa e logo logo se percebeu que aquela rapariga de pernas longas e esguias, maria-rapaz e teimosa como tudo se iria dar bem na vida que lhe seguia. Era nova mas viu cor, paixão e paz. Não se apercebera de metade, o que era de esperar, mas hoje mantêm o livro por perto e guarda-o sempre como alguém protege a vida. Apenas por uma vez abriu a pequena maravilha, este dia que estou a agora a contar, e diante dessa circunstância apoderou-se de um grande pedaço do seu futuro e logo num bazar antigo e desocupado arrastado para um canto de cidade desabitada. Um ar movia-se lentamente e soprava debaixo da porta soltanto um silvo arrepiante e sombrio. Assustada esquivou-se daquele canto e saiu porta fora a correr sem olhar para trás, como dizem as histórias que atemorizam as crianças pequenas.
Nunca mais necessitou de olhá-lo e tentar vislumbrar mais. Não precisava, sabia que a vida lhe iria sorrir. Sempre o soube, talvez não tivesse precisado de ter sentido uma imagem. Hoje já não sabe se acredita ou se teria sido um pequeno sonho como todas as crianças têm. Hoje a maria-rapaz é mulher e já esqueceu parte da imagem daquele dia, aquela publicação misteriosa que a teria acompanhado. Hoje a senhora das riscas largou a voz da vida sobre o chão aos 94 anos de idade apertando a caixa que continha a preciosidade, como quem diz: sabia exactamente onde se iria achar e logo logo como se iria perder. Seguiu o rumo que lhe foi escolhido, mesmo não querendo, que sabia e já tinha vislumbrado e nada conseguiu fazer para o alterar, mesmo pensando demasiado nele. Torturando-se por ter seguido ou não aquela escada... percurso inevitável? Mesmo esgotando as hipóteses de uma publicação dourada avariada. Mas não! Agora quer voltar para trás e não pode. Quer perceber se não o tivesse encontrado teria tido uma vida similar, ou ,se por outro lado, é tudo um disparate, uma então: ilusão...de criança.
Um sonho de listas às cores por cima do joelho abateu-se sobre aquele quarto que alberga uma senhora idosa deitada descansadamente sobre a pedra da sala de jantar.
Certo dia lá ganhou coragem para entrar e viu a loja mais encantadora até hoje.
Carregada de pó e de memórias vastas a menina de pernas altas e riscadas, franja preta inclinada sobre os olhos, subiu por entre o amontoado de caixas empilhadas até atingir o topo daquela montanha. Chegara ao tecto destemidamente e as caixas não demonstraram sinal de alarme; não estremeceram um mícron sequer! Foi então que do alto daquele amontoado se apercebeu que o chão se encontrava muito mas muito lá ao longe. O medo e os tremores apoderaram-se das suas pernitas listadas cheias de cor e por pouco não se assistiu a um grande trambulhão. Lá se agarrou fervorosamente a um pedaço de madeira que surgia misteriosamente do tecto, por entre bocados de estante e livros amassados. O ruído acentuou-se até quebrar e aquela pequena peça mexeu-se soltando um livro dourado que levemente dançou numa descida abismal sem tocar em nada. Miraculosamente em nada! A menina lá garantiu o equilíbrio e aventurou-se numa descida acelerada e perigosa na ânsia de bisbilhotar o volume ímpar que caíra lá do cimo da pilha de caixotes. A vontade assombrou o medo e fê-lo desaparecer nos 10 segundos de "Rappel" por ali abaixo.
Zás Zás Zás e cá estava ela novamente; pronta para ver o conteúdo do pequeno livro dourado.
O livro vinha bem trancado e mesmo assim a sua teimosia era mais forte; com alguma perspicácia e desenvoltura lá se desembaraçou do trinco e abriu o livro mágico que sobrevivera ao impacto! A primeira vez que olhou para ele não percebera bem o que era. Até olhar uma e outra vez, apercebendo-se que se via mais velha, e de seguida mais nova. Como se a vida lhe corresse pelos olhos. Viu tristeza, viu passado. Mas o livro era uma coisa boa e logo logo se percebeu que aquela rapariga de pernas longas e esguias, maria-rapaz e teimosa como tudo se iria dar bem na vida que lhe seguia. Era nova mas viu cor, paixão e paz. Não se apercebera de metade, o que era de esperar, mas hoje mantêm o livro por perto e guarda-o sempre como alguém protege a vida. Apenas por uma vez abriu a pequena maravilha, este dia que estou a agora a contar, e diante dessa circunstância apoderou-se de um grande pedaço do seu futuro e logo num bazar antigo e desocupado arrastado para um canto de cidade desabitada. Um ar movia-se lentamente e soprava debaixo da porta soltanto um silvo arrepiante e sombrio. Assustada esquivou-se daquele canto e saiu porta fora a correr sem olhar para trás, como dizem as histórias que atemorizam as crianças pequenas.
Nunca mais necessitou de olhá-lo e tentar vislumbrar mais. Não precisava, sabia que a vida lhe iria sorrir. Sempre o soube, talvez não tivesse precisado de ter sentido uma imagem. Hoje já não sabe se acredita ou se teria sido um pequeno sonho como todas as crianças têm. Hoje a maria-rapaz é mulher e já esqueceu parte da imagem daquele dia, aquela publicação misteriosa que a teria acompanhado. Hoje a senhora das riscas largou a voz da vida sobre o chão aos 94 anos de idade apertando a caixa que continha a preciosidade, como quem diz: sabia exactamente onde se iria achar e logo logo como se iria perder. Seguiu o rumo que lhe foi escolhido, mesmo não querendo, que sabia e já tinha vislumbrado e nada conseguiu fazer para o alterar, mesmo pensando demasiado nele. Torturando-se por ter seguido ou não aquela escada... percurso inevitável? Mesmo esgotando as hipóteses de uma publicação dourada avariada. Mas não! Agora quer voltar para trás e não pode. Quer perceber se não o tivesse encontrado teria tido uma vida similar, ou ,se por outro lado, é tudo um disparate, uma então: ilusão...de criança.
Um sonho de listas às cores por cima do joelho abateu-se sobre aquele quarto que alberga uma senhora idosa deitada descansadamente sobre a pedra da sala de jantar.
quarta-feira, novembro 01, 2006
Quando era pequeno.
Quando as noites abordam os céus ressurge uma conversação intensa que ousamos entrar, embora que de longe, apelamos a um sentido que nos faz sonhar e dialogar com aquela tangência ainda estranha. Mas essa estranheza repete-se e ao mesmo tempo aquieta uma paz em construção.
Esse limite ínfimo que foge em minutos traz tanta memória que agora percebo que só podia ser para nós. Debruçados sobre um mar denso mas sereno deitámos as nossas tristezas e invocámos amor. Amor: Escrevo-te de um país longínquo onde o sol se fecha e esconde no dorso de uma formação montanhosa. Alinho linhas tremidas e esborratadas sem mar pela frente e apenas bocados de papel preenchidos que resolvem ir para ti.
Espero que esta decisão não tenha escolhido afastamento e que denuncie a nossa paixão quanto antes. Perder-me nela. Prendam-me já! ponham-me na cela que te antecede. Prefiro-a a uma liberdade distante.
Até já.
Esse limite ínfimo que foge em minutos traz tanta memória que agora percebo que só podia ser para nós. Debruçados sobre um mar denso mas sereno deitámos as nossas tristezas e invocámos amor. Amor: Escrevo-te de um país longínquo onde o sol se fecha e esconde no dorso de uma formação montanhosa. Alinho linhas tremidas e esborratadas sem mar pela frente e apenas bocados de papel preenchidos que resolvem ir para ti.
Espero que esta decisão não tenha escolhido afastamento e que denuncie a nossa paixão quanto antes. Perder-me nela. Prendam-me já! ponham-me na cela que te antecede. Prefiro-a a uma liberdade distante.
Até já.
Maria Antonieta
Fiquei com a leve sensação que poderia ter tido um investimento maior de criatividade.
Fica-se pelos planos magníficos mas repetidos de um filme anterior, com músicas quase vindas directamente de "Tóquio" para este como se fosse um apanhado de temas sobrantes.
Não desgosto da abordagem ainda que muito idêntico ao anterior e em quantidades quase intoleráveis...
A novidade perde-se e nem a diferente temática conseguiu mudar o rumo.
Apenas médio.
Kirsten Dunst? não muito obrigado...
Fica-se pelos planos magníficos mas repetidos de um filme anterior, com músicas quase vindas directamente de "Tóquio" para este como se fosse um apanhado de temas sobrantes.
Não desgosto da abordagem ainda que muito idêntico ao anterior e em quantidades quase intoleráveis...
A novidade perde-se e nem a diferente temática conseguiu mudar o rumo.
Apenas médio.
Kirsten Dunst? não muito obrigado...
terça-feira, outubro 10, 2006
Eram todos bons rapazes
Vai ser lançado pela Editora Indícios de Oiro, no dia 29 de Novembro, Quarta-Feira, pelas 18 horas e 30 minutos no Museu da Cidade - Campo Grande, o novo livro de Júlio Mira "Éramos Todos Bons Rapazes" relatando histórias de guerra.
As histórias remetem-me para uma transição abrupta do que foram aqueles anos de Guerra Colonial que mudaram expressões e sobretudo: trouxeram a morte antecipada da inocência.
Os nomes transportam pessoas. Os sítios transportam cheiros e poeiras. O batalhão com nomes e lugares transportam-nos por dentro de uma Guerra...os seus episódios e epopeias... heterogénio como descreve a singularidade de cada vida ali entregue...e então novamente o batalhão...por fim: Angola.
As histórias remetem-me para uma transição abrupta do que foram aqueles anos de Guerra Colonial que mudaram expressões e sobretudo: trouxeram a morte antecipada da inocência.
Os nomes transportam pessoas. Os sítios transportam cheiros e poeiras. O batalhão com nomes e lugares transportam-nos por dentro de uma Guerra...os seus episódios e epopeias... heterogénio como descreve a singularidade de cada vida ali entregue...e então novamente o batalhão...por fim: Angola.
Raiva?
Por breves instantes sucumbi ao calor raivoso que era discutido diante de mim.
Fechei os olhos sem querer. Enervado reservei-me no direito de não prosseguir a conversa da qual por vezes não fazia parte e no entanto me destroçava: Agudamente. Que parte dos diálogos conversas ou imposições de oratória desnivelam a razão? E que certeza há que implique subjugar a outra opinião?
Quão determinantes somos que rompemos com qualquer definição de opinião noção e ideia?
Que eloquência é essa que irrompe por uma relação e a parte em dois?
Que subtileza crua é essa que não nos fala informa sem forma?
Que silêncio calado é esse que no fim diz-se eloquente?
Que sensibilidade permite parar diante da discussão para além do objecto de conversa e por nós não escolhida?
Que infíma parte resolve um confronto?
Quantos braços se torcem para manter paz?
Quantos de mim são necessários para o entendimento?
Quantas fracções resolvem um silêncio calma e determinam as pazes?
Que minimeza é essa que por vezes se acalma e por outras se exalta?
Qual a definição de razoabilidade... quem a determina e qual a lógica de não segui-la?
Fechei os olhos sem querer. Enervado reservei-me no direito de não prosseguir a conversa da qual por vezes não fazia parte e no entanto me destroçava: Agudamente. Que parte dos diálogos conversas ou imposições de oratória desnivelam a razão? E que certeza há que implique subjugar a outra opinião?
Quão determinantes somos que rompemos com qualquer definição de opinião noção e ideia?
Que eloquência é essa que irrompe por uma relação e a parte em dois?
Que subtileza crua é essa que não nos fala informa sem forma?
Que silêncio calado é esse que no fim diz-se eloquente?
Que sensibilidade permite parar diante da discussão para além do objecto de conversa e por nós não escolhida?
Que infíma parte resolve um confronto?
Quantos braços se torcem para manter paz?
Quantos de mim são necessários para o entendimento?
Quantas fracções resolvem um silêncio calma e determinam as pazes?
Que minimeza é essa que por vezes se acalma e por outras se exalta?
Qual a definição de razoabilidade... quem a determina e qual a lógica de não segui-la?
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